sábado, janeiro 24, 2009

Sondagem Motown 80s: a preferida é... ROCKWELL!

Está encerrada (já há alguns dias...) a sondagem para eleger a vossa preferida da Motown dos anos 80. Um pouco surpreendentemenet, para mim, venceu Rockwell, uma autêntica one-hit wonder com Somebody's Watching Me. Foi surpresa para mim, mas eu gosto de surpresas e, desde já, agradeço a todos quantos votaram. Como devem ter percebido, pelo artigo original, a minha preferida é Nightshift, dos Commodores. Simplesmente adoro essa música. mas também votei na vencedora, em Upside Down, e em... All Night Long, que ficou em último com apenas um voto. O meu!
Eis a classificação final:

1. rockwell - somebody's watching me - 20 (40%)
2. commodores - nightshift - 13 (26%)
3. diana ross - upside down - 10 (20%)
4. stevie wonder - part-time lover - 7 (14%)
5. rick james - super freak e lionel richie - hello - 5 (10%)
7. stevie wonder - i just called to say i love you e debarge - rhythm of the night - 3 (6%)
9. d. ross & l. richie - endless love - 2 (4%)
10. lionel richie - all night long - 1 (2%)

quinta-feira, janeiro 22, 2009

MALCOLM MCLAREN (63)

Malcolm McLaren, o homem por detrás dos Sex Pistols, completa hoje 63 anos. Fica ligado aos anos 80 através de Madam Butterfly, uma bela adaptação, na minha opinião, da composição de Giacomo Puccini. Todos os pormenores da canção podem ser vistos na contra-capa do single, que guardo religiosamente. Para ler, aqui, uma entrevista interessantíssima de McLaren à ABC, em Julho de 2006, através da qual podemos entrar um pouco mais no mundo desta personagem bizarra...

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Filhos de Viriato - Maio de 1989 - Entrevista a João Aguardela

Em Maio de 1989, surgia no Porto uma publicação mensal de música moderna portuguesa feita de uma forma totalmente amadora por jovens entusiastas da música. Filhos de Viriato era o nome da publicação, cujo director, Ricardo Alexandre, companheiro de aventuras em concertos dos Xutos por este país fora, é actualmente jornalista da Antena 1. O número zero de Filhos de Viriato, publicado em Maio de 1989, traz uma entrevista a João Aguardela, dos Sitiados, feita algures na Ribeira, na sequência do fabuloso concerto dado pela banda no mítico Luis Armastrondo. É essa entrevista que trago hoje ao Queridos Anos 80. Vinte anos depois.

SITIADOS
“Sentir Português”

Submetidos a um sítio, fixados num tempo, cercados pela acomodação e conformismo. Mas há quem tente forçar a corrente...

Os Sitiados procuram alertar consciências, afirmando-se amantes de um país que sentem, não pela exacerbação de gloriosos feitos passados, mas pela simplicidade e humildade do seu povo, pelo fado, pela beleza das suas paisagens, e acima de tudo, pela felicidade que passa aqui bem perto... “Junto Ao Rio”.


FILHOS DE VIRIATO: Quando surgiu o projecto SITIADOS?
JOÃO AGUARDELA: A ideia surgiu em vésperas do 5º CMM (ndr: Concurso de Música Moderna, organizado anualmente pelo Rock Rendez Vous), ainda que eu, o Zé e o Mário, já tocássemos juntos há quase 4 anos. O projecto surge há cerca de ano e meio, com a entrada do Fernando.

FV: As letras dos SITIADOS, sendo quase exclusivamente da tua autoria, reflectem apenas a tua personalidade, o teu modo de ser e estar na vida, ou por outro lado, são reflexo das ideias dos 4 elementos da banda?
JA: Acho que é difícil filtrar aquilo que eu penso daquilo que é comum a todos. Acho que cada pessoa representa um universo completamente à parte, existindo eventualmente pontos de contacto com outros universos. Não acredito que numa banda todos sintam e pensem o mesmo, seria limitar as pessoas e seria frustrante em termos de trabalho. Não acredito na uniformização, principalmente de ideias. No entanto, tudo o que canto, mesmo algumas letras do Zé, dizem-me directamente respeito, senão acho que não as conseguiria cantar, pelo menos com tanta convicção, que vem precisamente do facto de eu me identificar com aquilo que canto.

FV: Referindo uma expressão de um dos vossos temas, “esta viagem adiada, daqui para outro lugar”, gostaria de saber se os SITIADOS consideram necessário ainda termos de “ir para longe, para muito longe” (como diziam os Xutos!) para se fazer “coisas” interessantes?
JA: A “viagem adiada daqui para outro lugar” tem mais a ver com aquilo que as pessoas sentem, do que com qualquer viagem geográfica. Eu acredito sinceramente que Portugal é dos países mais fascinantes para se viver. Nós ainda não nos fartámos da vida...

“tenho a paixão de viver”

...ainda lutamos, pois sabemos que temos muito para construir. Sei que existe um certo número de coisas que teremos de ir buscar a outro sítio, a outro lugar...

“sinto esta saudade
de não ter ficado
nem de poder ficar”


...mas mesmo nesses casos, acho que o fascínio desta terra, onde podemos deixar ainda a nossa marca, faz com que as pessoas saiam e regressem para construir.

FV: A raiva interior que soltas ao cantar, tornam-te um tanto fatalista – Fado, Negro e Amália... És assim fora do palco?
JA: Não há dúvida que ser fatalista está-nos no sangue, no entanto, é como que um exercício de purificação. Primeiro, o fatalismo, a purificação, e depois, expurgados desse mesmo fatalismo, surge-nos a luta, a revolta, a construção. Isto que te estou a dizer é claro e tu, que conheces bem a nossa música, sabes disso. Ao lado do fatalismo e da solidão, existe sempre revolta e luta, mas nunca a submissão a falsos sentimentos. É pois este sentimento de revolta que pauta a minha conduta no palco e fora dele.

“Este beijo que não soube encantar
E o desejo que sinto queimar
E revolta qie não sabe sofrer
Só não quero morrer”


FV: Revolta por que ideais, por uma MMP (ndr: Música Moderna Portuguesa) que busca desesperadamente um lugar ao sol? Como encaras a actual situação da MMP?
JA: Penso que em termos de futuro as coisas vão bem encaminhadas. Existe toda uma vasta legião de bandas que vêm surgindo nas mais diversas áreas da MMP com uma enorme vontade em aumentar o interesse do público em geral.

FV: Mesmo sem as rádios livres e tudo o que elas representaram?
JA: As rádios livres foram das coisas mais importantes dos últimos anos e uma coisa com tanta importância, que mexe com a vida de todos, não poderia ficar remetida para fora do controle do governo. E está tudo dito!!!

FV: O que pretendem os SITIADOS, influenciar comportamentos, determinar atitudes?
JA: Não, de maneira nenhuma. Nem sequer nos interessa muito propor modelos. O nosso objectivo é pôr as coisas em andamento, alertar as pessoas...

“Esta eterna guerra
Que me obriga a ser
Soldado”


... para que é possível tomar o futuro nas suas próprias mãos, é possível mudar o estado das coisas, e para o facto de que a liberdade de escolha tem de ser algo sempre real, pelo qual se terá de lutar.

“Liberdade onde vais
Liberdade onde cais
Esta luta é por te amar”


João (voz e guitarra), Fernando (bateria), Zé (guitarra) e Mário (baixo), enchem-nos os ouvidos e os olhos com um som “popular português”. Que lutem contra a solidão, que sonhem alto e o futuro lhes pertença. Mas que continuem a ser eles próprios. Que o fado os abençoe.

“Aqui ao lado, ao pé do mar, só o sonho fica, só ele pode ficar”.

Ricardo Alexandre

terça-feira, janeiro 20, 2009

João Aguardela (1969-2009)

Morreu João Aguardela, vocalista dos Sitiados, a banda que fez furor nos anos 90, mas cuja génese remonta à década de 80. A melhor maneira de homenagear este músico talentoso é tirar do baú o texto que escrevi, em Junho de 1989, para o jornal da escola, sobre os Sitiados, que tinha ido ver actuar ao vivo no mítico Luis Armastrondo, na Ribeira portuense, na companhia do meu amigo Ricardo Alexandre. Eu era um puto que andava no 12º ano e tinha esta mania de gostar de muito de música e de gostar de escrever sobre ela. Esse concerto dos Sitiados deu-me um óptimo pretexto para o fazer. Obrigado, João Aguardela. Que descanses em paz.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Novo teledisco: GENESIS - Land Of Confusion (1986)

Numa altura em a ordem mundial nos obriga a olharmos para o presidente dos EUA cada vez mais como o "nosso" presidente e que Barak Obama se prepara para se sentar no cadeirão da sala oval, recupero o teledisco Land Of Confusion, dos Genesis, que, em 1986, causou controvérsia ao apresentar Ronald Reagan caricaturado através dos bonecos do programa televisivo britânico Spitting Image (a própria banda surge caricaturada). Todos recordamos Reagan como aquele presidente americano simpático, de sorriso fácil. Neste teledisco, ele é apresentado como algo débil física e mentalmente. O fio narrativo desenvolve-se à volta de um sonho de Reagan (que partilha a sua cama com Nancy e um chimpanzé) que envolve figuras proeminentes da política mundial. Aparecem Brejnjev, Thatcher, Mussolini, Khomeini, Gorbatchev e Khadafi, entre outros, enquanto Reagan assume o papel de Super-Homem... na era pré-histórica. O teledisco contém também alusões à cultura musical e cinematográfica, como o We Are the World ou 2001 Odisseia no Espaço.
Realizado por John Lloyd e Jim Yukich, Land Of Confusion foi nomeado para teledisco do ano, nos prémios MTV, mas perdeu para Sledgehammer, do ex-Genesis Peter Gabriel. De qualquer maneira, não ficou sem prémios, tendo sido galardoado com o Grammy. Este teledisco é uma paródia divertida da ordem americana e mundial dos anos 80, em que a ameaça nuclear esteve sempre bem presente no nosso imaginário e à distância de um simples carregar de botão. No teledisco, Reagan engana-se e, em vez de chamar a enfermeira (nurse), activa um bomba (nuke). Já passaram mais de 20 anos, as ameaças são outras. Com que sonhará Barak Obama?

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Assaltaram o QA80, mas correu mal

De vez em quando gosto de ver a origem dos visitantes do QA80, ou seja, de que sites é que eles vêm. Há dias, deparei-me com algo insólito. Na página portuguesa da Wikipédia, havia um aviso que alertava para o facto de alguém ter feito um artigo "idêntico ou muito semelhante" ao texto sobre a Taylor Dayne que eu escrevi em Setembro de 2005. Em função da detecção desse plágio, a Wikipédia removeu o conteúdo do artigo e apagará a página, segundo eles, no dia 19.
Já me deparei com situações de pessoas que simplesmente fazem copy/paste dos meus textos e os colocam nos seus blogues. O acto em si não me incomoda, desde que coloquem a fonte. Mas é muito usual isso não acontecer, o que é lamentável. Esta situação da Wikipédia é um sinal de que, pelo menos ali, os direitos de autor ainda são salvaguardados.

sábado, janeiro 10, 2009

A Motown nos anos 80



A Motown é M de marca, M de música, M de mito. Nascida pela mão de Berry Gordy, a editora que levou a música negra ao público branco celebra o cinquentenário no dia 12 de Janeiro. Com imensas editoras subsidiárias, a Motown definiu a música de uma era e estabeleceu estilos e modos de vida. Nos anos 80, a editora conheceu tempos difíceis, mas mesmo assim não deixou de produzir grandes sucessos mundiais. A foto que podem ver acima representa a elite da Motown nos anos 80 - Lionel Richie, Stevie Wonder, Diana Ross, Rockwell, Rick James, DeBarge e Commodores.

A playlist que se apresenta na barra lateral reúne talvez as dez canções mais importantes da editora nos anos 80. É para ouvir e depois votar na vossa preferida. O que há de especial nesta sondagem é que podem escolher mais do que uma hipótese. A lista é esta, por ordem cronológica:


1980 "Upside Down" Diana Ross
Obra da dupla Nile Rodgers and Bernard Edwards, esta canção foi um momento de afirmação mundial para Diana Ross. Feita para as pistas de dança, Upside Down foi interpretada de forma sublime pelas Destiny's Child, no tributo a Diana Ross, num VH1 Divas que deu há uns anos.

1981 "Endless Love" Diana Ross & Lionel Richie
Este é um tema sempre em alta nos duetos de karaoke, ainda que, na maior parte das vezes, cruelmente assassinado por quem tenta a sua sorte. Em Endless Love, Diana e Lionel juram amor eterno um ao outro, mas é tudo mentira. Foi o tema principal do filme com o mesmo nome, cuja informação mais relevante é ter a Brooke Shields como protagonista.

1981 "Super Freak" Rick James
Foi aqui que MC Hammer foi buscar o sample para o seu U Can't Touch This. Rick James terá agradecido o facto que, certamente, lhe trouxe alguns dividendos. A música em si não é nada de especial, mas o facto de o título querer dizer, em calão inglês-americano, "mulher que gosta de sexo", dá-lhe um toque especial. Rick James morreu em 2004.

1983 "All Night Long (All Night)" Lionel Richie
All Night Long não tem nada a ver com Super Freak. É apenas uma canção sobre uma festa que dura a noite toda. Com influências Caribenhas, este tema quebra uma certa monotonia baladeira em que a carreira de Lionel Richie se tinha transformado.

1984 "Somebody's Watching Me" Rockwell
Podemos ser mauzinhos e dizer que Rockwell só gravou este single porque era filho do fundador da Motown. Podemos ser ainda mais mauzinhos e dizer que esta canção só obteve o sucesso que obteve porque tem a colaboração de um tal Michael Jackson nos coros. Mas é melhor não sermos mauzinhos. Para isso já basta a voz do rapazito.

1984 "Hello" Lionel Richie
A música do teledisco da menina cega que constroi o busto de Lionel Richie em barro ficou para sempre no nosso imaginário. A partir de certa altura já só dava vontade de dizer "Helloooo? Já vimos o teledisco 457 vezes, agora chega!" A miúda era gira e chamava-se Laura Carrington. Já agora, não era invisual.

1984 "I Just Called to Say I Love You" Stevie Wonder
Por falar em teledisco capaz de nos levar ao desespero, este I Just Called to Say I Love You ficou uma eternidade no primeiro lugar do top português. Fez parte da banda sonora de The Woman In Red e... Marco Paulo fez uma versão portuguesa com o título "Só falei para dizer que te amo". Bonito, muito bonito.

1985 "Part-Time Lover" Stevie Wonder
Part-Time Lover é talvez a canção mais dançável de Stevie nos anos 80. O rapper 2Pac samplou-a para o tema Part-Time Mutha.

1985 "Rhythm of the Night" DeBarge
Mais um tema direccionado para as pistas de dança, Rhythm Of The Night foi o maior êxito da carreira deste grupo de irmãos.

1985 "Nightshift" The Commodores
Canção-tributo a Marvin Gaye e a Jackie Wilson de uns Commodores da fase pós-Lionel Richie. Um grande tema, pronto, admito, o meu preferido desta lista.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

45 rotações (II)

Dália
Seremos Felizes (1984)

Dália, simplesmente Dália. O capítulo II da rubrica "45 rotações" traz hoje aqui este nome. Quem é Dália, perguntam vocês? Não faço a mínima ideia. Apenas sei que tinha um look tipicamente eighties e que gravou o este single, Seremos Felizes, em 1984, com produção de Manuel Cardoso (Tantra) e Pedro Luís (Tantra e Da Vinci). A capa de Seremos Felizes tem o design de um tal Dick Van Dijk (será o mesmo dos concursos de cantores da TV?) O lado A é uma versão portuguesa, com letra de Francisco S., do tema dos The Turtles, Happy Together. No lado B, surge Cor-de-Rosa, também ele uma versão portuguesa, com letra de Ivon Curi, de La Vie En Rose, o tema imortalizado por Edith Piaf. O que há destacar nestas duas canções é a roupagem electrónica que apresentam, reminiscente da synth-pop de inícios dos anos 80. Não sei o que terá sido feito desta menina, Dália de seu nome... Se alguém souber do seu paradeiro, esteja à vontade para o revelar! E agora vamos ouvir:

Lado A - Seremos Felizes:
Lado B - Cor-de-Rosa:

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Concertos para Bebés: Foles e Tambores

A melhor maneira de encerrar o ano de 2008 foi, no passado domingo, irmos à Casa da Música, com o tarzanbaby, assistir ao Concerto para Bebés e Famílias. Esta edição, a primeira - e com certeza não a última - a que assistimos, era subordindada ao tema Foles e Tambores e, para grande surpresa minha (que não tinha lido o programa), contou com Paulo Marinho, como convidado. O ex-Sétima Legião (e actualmente membro dos Gaiteiros de Lisboa) iluminou o concerto com a sua gaita de foles, e, no final, acedeu simpaticamente a tirar uma foto com o tarzanbaby e respectivo progenitor. Foi o primeiro contacto do pequenote com um ícone da música dos anos 80, e ainda para mais membro de uma das bandas de coração do papá! Não perdi a oportunidade para lhe dizer que estive no Coliseu do Porto, em 1991, quando actuaram com os Diva, e aproveitei para o questionar sobre o tal DVD ao vivo que nunca mais vê a luz do dia. Paulo Marinho confirmou-me que há interesse da editora em colocá-lo cá fora, o que, disse-lhe eu, seria uma enorme alegria para todos os fãs da banda.