sexta-feira, fevereiro 27, 2009

The Chameleons

O texto que se segue é da autoria de André Leão, do blogue In Shreds. Amavelmente aceitou o meu convite para enriquecer o Queridos Anos 80 com o seu conhecimento sobre uma das suas bandas de eleição (talvez mesmo A banda de eleição...). O meu muito obrigado ao André!

Os Chameleons formaram-se em Middleton, em 1981, quando Mark Burgess (ex-Clichés), Reg Smithies (ex-Years), Dave Fielding (ex-Years) e Brian Schofield (substituído pouco depois por John Lever), que faziam parte do mesmo grupo de amigos e da onda pós-punk que emergiu em Inglaterra no início da década de ouro da música, resolveram criar aquela que é uma das bandas, a par dos Joy Division, que mais influenciou todo o revivalismo que actualmente se vive no seio da música alternativa (Editors, Interpol, She Wants Revenge, White Rose Movement, etc.).

O 1º single da banda, In Shreds (1981), é uma das suas faixas mais agressivas e chamou a atenção do legendário John Peel, o que lhes valeu várias radio sessions, algumas editadas posteriormente em compilações.

Entre 1981 e 1983, os Chameleons foram ganhando notoriedade no circuito independente britânico, conseguindo angariar uma legião de admiradores que os seguia por todo o país. Apesar de não terem um tostão furado, foi um período de grande criatividade da banda, a que não foi alheio os períodos reflectivos passados à beira do Loch Ness (e também a influência dos cogumelos alucinógeneos, segundo a biografia “View from a hill” do Mark Burgess).

Em 1983 é finalmente lançado o primeiro álbum de originais, e que além dos singles Up the down escalator, Don´t fall, As high as you can go e A person isn´t safe anywhere these days, incluí aquela que é unanimemente considerada como a melhor composição da banda, Second Skin. O álbum foi justamente aclamado pela crítica e pelo público, atingindo o patamar de discos como Unknown Pleasures, From the lion´s mouth ou Ocean rain.

Dois anos volvidos, e surge então o sempre difícil segundo álbum da banda. What does anything mean? Basically (1985), mostra uns Chameleons com um som mais trabalhado e mais suavizado, como aliás se nota logo no instrumental de abertura, Silence, Sea and Sky. Apesar do interesse na banda ter esfriado um pouco, foram convidados pelo John Peel para mais uma sessão, e foi editado também um single, Singing Rule Britannia (While the Walls Close In). Não sendo um álbum brilhante como Script of the bridge, atingiu momentos muito altos com faixas como Home is Where the Heart Is ou Perfume garden. Por esta altura tocaram em Portugal, no Rock Rendez-Vous. No you tube conseguem encontrar um registo antigo gravado pela RTP com 4 das faixas tocadas em Portugal.

Em 1986 sai a primeira das muitas compilações dedicadas à banda, The fan and the bellows, e que incluí as primeiras músicas gravadas pelos Chameleons e que não tiveram lugar no primeiro álbum, casos de Nostalgia, In shreds ou The fan and the bellows.

Logo de seguida a banda lança o terceiro álbum de originais, Strange times. Tal como o próprio nome do disco indica, foi um parto bastante difícil, uma vez que as clivagens entre os membros da banda, tendo por um lado o Mark, por outro o Reg e o Dave (este incompatibilizando-se de forma radical com o Mark) dava já a entender que o final da banda poderia estar para breve. Mesmo assim, apesar do disco demonstrar claramente as diferentes direcções seguidas pelos seus membros, este é considerado como o álbum preferido pelos fans dos Chameleons, tendo inclusive 2 singles com entrada no top britânico: Tears e Swamp Thing.

Por esta altura dá-se também um acontecimento trágico. O mítico Tony Fltecher, manager da banda, aparece morto e os Chameleons resolvem cessar as actividades, não sem antes lançar um último EP, Tony Fletcher Walked On Water...La La La La La-La La-La La. Apesar das já públicas divergências da banda, este EP permanece com um dos seus tesouros mais bem escondidos, e qualquer uma das suas 4 faixas permanece ainda hoje como das melhores dos Chameleons.
Depois deste encerramento prematuro, os membros dos Chameleons resolveram seguir diversos projectos paralelos, casos de The Sun and the Moon, The Reegs, Mark Burgess and the Sons of God, Invincible. Nunca atingiram, no entanto, o sucesso e o reconhecimento que obtiveram com os Chameleons. De todos os projectos, houve um, no entanto, que sobressaiu pela sua grande qualidade: White Rose Transmission. Ou não se tratasse de uma colaboração entre o Mark Burgess, Adrian Borland (The Sound) e Carlo Von Putten (The Convent).

Durante este período foram saindo inúmeros discos com material nunca antes editado (compilações, álbuns ao vivo, etc.), e que foi dando para manter financeiramente os membros da banda. No entanto o dinheiro começava a escassear, Adrian Borland atira-se para debaixo de um comboio, e o Mark propõe em 2000 deixar para trás as divergências com o Dave e reactivar a banda para uma série de concertos e um novo álbum de originais. Este trabalho culmina com a edição de um álbum acústico, Strip (2000), que incluía já 2 temas inéditos, e um ano depois o 4º álbum de originais, Why call it anything. Este disco não reuniu nunca o consenso do público, ate porque incluía um elemento “estranho” à banda, Kwasi Asante, contribuindo para uma sonoridade mais reggae em algumas das faixas (bastante vísivel no Miracle and wonders). No entanto, este disco mostrou também que a criatividade da banda não se tinha esfumado, e composições como Indiana, Anyone Alive? e em especial Dangerous land faziam sonhar no regresso aos tempos áureos dos Chameleons.

Em 2003, depois do Dave recusar-se a comparecer num concerto em Atenas, a banda dissolve-se de vez, continuando os seus membros em inúmeros projectos paralelos (realce para o excelente projecto Black Swan Lake). Haverá uma 3ª vida para os Chameleons? A recente edição comemorativa dos 25 anos do Script of the bridge indica que poderá haver…


André Leão

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

JAZ COLEMAN (49)

O vocalista dos Killing Joke completa hoje 49 anos. Filho de pai inglês e mãe indiana, James Coleman desde cedo entrou no música através da participação em coros de igreja e da aprendizagem do piano e do violino. Na adolescência chegou mesmo a ganhar vários prémios relacionados com o violino. Os seus interesses musicais são tão abrangentes, que vão da música árabe à música maori, passando pela folk checa. O facto de Coleman possuir residência na Republica Checa e na Nova Zelândia, entre outros sítios, talvez ajude a perceber este facto.

Em 1979, fundou os Killing Joke, banda que se constituiu como uma referência do pós-punk e da génese do rock-industrial. O meu primeiro contacto com eles deu-se através de Love Like Blood (1985), e depois com o álbum Brighter Than A Thousand Suns (1986), que inclui Adorations e Sanity, duas grandes canções-rock em qualquer parte do mundo.

Actualmente Coleman mantém a actividade musical com os Killing Joke e é um homem empenhado na causa ecológica, tendo mesmo investido na criação de duas aldeias ecológicas no Pacífico Sul e no Chile. Parabéns, Jaz!

terça-feira, fevereiro 24, 2009

It's a kind of magic (XXIV)

A minha paixão por Siouxsie and the Banshees passa muito pelo duplo álbum ao vivo, Nocturne, que me chegou às mãos ainda nos anos 80, em formato vinil. Ele é o resultado de duas actuações da banda no Royal Albert Hall, em 30 de Setembro e 1 de Outubro de 1983, nas quais Siouxsie se revela, talvez, no pico da sua forma musical. Foi um disco que contribuiu muito para o meu crescimento como ouvinte de música alternativa, se é que lhe posso chamar assim. Nele destaca-se o hipnotizante Israel, que é um dos raros casos em que a versão ao vivo suplanta a versão original de estúdio. Estes concertos revelam ainda um tal de Robert Smith na guitarra. O vídeo que podem ver a seguir é um momento mágico. Foi em Londres, em 1983.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

QA80 - 21/Fev - Ar D'Mar (actualização)

Finalmente! A festa Queridos Anos 80 tem regresso agendado para Fevereiro, após dois meses de interrupção. O evento sai pela primeira vez da cidade do Porto, ultrapassa os limites do rio e fixa-se à beira-mar, em VN Gaia, no Ar D'Mar. Espaço remodelado desde Novembro de 2008, situado na praia de Canide - Norte, apresenta-se agora como anfitrião da 17ª noite Queridos Anos 80. Será o regresso em força da festa que celebra os sons que nos viram crescer, sons esses que ficarão a cargo dos DJs Pedro Mineiro e tarzanboy. Ora vamos lá a apontar na agenda: dia 21 de Fevereiro, dia de dançar ao som da década dourada da pop! Vêmo-nos no Ar D'Mar!
É muito simples chegar ao Ar D'Mar a partir da A1: ver mapa.

Prendaça


Para quem julga que sabe tudo sobre os Depeche Mode (como eu). Espero ser surpreendido. Obrigado, Rui!

terça-feira, fevereiro 10, 2009

O QA80 na Rádio Campo Maior

Álbum 80 é o nome do programa de rádio dedicado à música dos anos 80 que a Rádio Campo Maior emite de segunda a sexta-feira, das 12:00h às 13:00h. Amanhã, quarta-feira (11), o programa, da responsabilidade de Roberto Cabral, completa um ano de emissões e contará com a participação do Queridos Anos 80. Estejam atentos à emissão online. Infelizmente não vou poder ouvir por razões profissionais, mas, desde já, dou os parabéns ao Roberto e ao Álbum 80 por este ano de emissões!

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

It's a kind of magic (XXIII)

Neste sábado que passou fui a uma workshop sobre wikis. A certa altura, o formador utilizou uma canção de Chris de Burgh chamada Borderline, um tema que eu desconhecia (quando ele falou em Borderline, ainda pensei em Madonna...). Incluído no álbum The Getaway, de 1982, Borderline é uma balada assim um bocadinho para o trágico-meloso sobre dois apaixonados que pertencem a países diferentes. O pormenor é que os respectivos países estão em guerra, o que não ajuda nada. O vídeo que podem ver a seguir é um momento mágico. Foi algures, nos anos 80.



Outros momentos mágicos: aqui.

sábado, fevereiro 07, 2009

DIETER BOHLEN (55)

A minha mãe gostava muito dos Modern Talking, nos anos 80, mas, mais do que a música, por quem ela nutria um carinho especial era Dieter Bohlen, o "loirinho", como ela lhe chamava. Com Thomas Anders, formou dupla de sucesso em todo o mundo graças a temas com títulos tão sugestivos como You're My Heart, You're My Soul, Cheri Cheri Lady ou You Can Win If You Want. Nos Modern Talking, Dieter cantava, produzia e compunha. Ao mesmo tempo, passava pelas suas mãos, musicalmente falando claro, CC Catch, estrela maior do euro-disco no feminino. Não é difícil identificar uma canção produzida por Bohlen. Praticamente todas as suas músicas têm, a certa altura, um coro em falsetto. É assim com os Modern Talking, é assim com os Blue System, banda que Bohlen fundou após a primeira dissolução dos MT. Fora deste contexto, Bohlen foi ainda responsável pelo êxito Midnight Lady, na voz de Chris Norman. A wikipedia dá conta de que as vendas dos discos dos MT e dos BS ascendem a 125 milhões de unidades, mas se pensarmos em todos os singles e álbuns em que Bohlen colocou a sua mão, os números sobem para os 165 milhões, o que nos dá a ideia da importância deste senhor na pop-euro-disco dos anos 80. A Rússia já lhe reconheceu esse destaque ao atribuir-lhe o prémio Artista do Povo da URSS, um galardão que apenas é atribuido a cidadãos russos (com a única excepção a ser o músico alemão). Mr. Bohlen, parabéns pelos seus 55 anos.