Há dias a minha mãezinha pôs a tocar o CD do Marco Paulo que eu lhe ofereci nos anos e eu dei por mim, quase inconscientemente, a bater o pezinho ao ritmo do Deixa Viver:
Deeeeeeixa viveeeeeer
As pedras que atiraaaaas
Não hão-de acertaaaaaar em ninguéééém
Deeeeeeixa viveeeeeer
Não fiques paradaaaaaa
Aprende a estar viiiiiva tambééééém
(acho que é assim)
Depois, passei o dia todo a reflectir sobre este momento da minha vida e a tentar tirar algum significado profundo do mesmo. E cheguei à conclusão de que, vinte e tal anos depois, perdoei Marco Paulo e me encontro em paz com o mal que a sua música me fez na adolescência. Depois do flagelo que constituiu para humanidade o advento da música pimba, nos anos 90, com os Emanueis, os Iran Costas, as Micaelas e as Rutes Marlenes, cheguei à conclusão de que o Marco Paulo é um senhor. E estou disposto a dizer-lho pessoalmente, olhos nos olhos, se um dia o acaso cruzar os nossos caminhos. O homem (que, já agora, se chama João Simão da Silva) enchia pavilhões e vendia como ninguém nos anos 80, entrava pelas nossas casas dentro sem pedir licença, fosse através do Despertar do António Sala, fosse através do Natal dos Hospitais, e eu ficava ali a olhar (e a ouvir), sem perceber toda aquela loucura à volta daqueles caracóis e do lançar do microfone, habilmente, de uma mão para a outra. Agora percebo. Marco Paulo é o maior artista de música ligeira portuguesa dos últimos 30 anos e o resto é conversa. E um indicador disso mesmo é que cada um de nós tem na ponta da língua pelo menos três refrões de músicas que ele interpretou. Olhem, as minhas são os Eu Tenho Dois Amores, o Joana e o Deixa Viver. Isto deve querer dizer alguma coisa.
Hoje, Marco Paulo completa 66 anos. Parabéns!
4 comentários:
Um grande Senhor mesmo
Estou contigo quanto a isso do Marco ser um senhor comparando-o aos outros senhores e senhoras que interpretam a tal musica ligeira portuguesa de cariz popular que nos invadiu o mundo nos anos 90. Eu, se começar o dia a cantarolar 'Ó Joana, pensar que estivemos tão perto...' =D=D=D levo nisto até ser noite! É que se cola à gente como lapas! Digo eu, vá!
Antes do Marco era o António Calvário, depois do Marco é o Tony Carreira. Acho que cada geração de adolescentes tem um "verdadeiro artista". Já agora, pelo menos o Marco Paulo foi honesto: sempre disse que a música dele eram traduções de êxitos da música ligeira alemã (isto nos anos 70, inícios de 80).
Independentemente de se gostar ou não do Marco Paulo, não estou a ver um artista português mais popular que ele na década de 1970 e, talvez, na de 1980.
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