Ao quarto concerto de Peter Murphy, como foi o meu caso, não se vai propriamente à procura da novidade. Vai-se porque se gosta e porque Peter Murphy é um ídolo.
Ontem, o ex-vocalista dos Bauhaus iniciou no Porto a digressão que promove o seu oitavo álbum de originais, intitulado Ninth, e foi mesmo deste álbum que saíram sete das canções que fizeram parte do alinhamento de vinte e cinco que Murphy tocou. A outra grande fatia dos temas que surgiram na set list pertenceu aos Bauhaus. Em jeito de balanço, mais de 50% do alinhamento foi ocupado pelos Bauhaus e pelo último álbum, numa tentativa de equílibrio entre a necessidade de dar a conhecer o novo trabalho (por sinal, um regresso em grande, na minha opinião, depois do falhanço chamado Unshattered) e a obrigatoriedade quase dogmática de não defraudar os die-hard fans dos Bauhaus. Foi um concerto típico de início de digressão, com alguns problemas de som, alguns desencontros e hesitações entre os elementos em palco e um Peter Murphy ainda à procura do melhor desempenho dramático para algumas canções. A certa altura, Peter Murphy revelou-se bastante comunicativo, falando ao público por alguns minutos e, surpreendentemente, para mim, tentando os seus dotes de stand-up comedy (ainda que, por vezes, sem grandes resultados...). Em jeito de crítica à margem da banda, fica a pouca força do público, no momento do segundo encore. Como se não bastasse, via-se algumas pessoas a sair - quando se percebia nitidamente que eles iam voltar - com aquele ar "eu-que-vim-ver-a-cuts you up-e-ele-toca-aquelas-músicas-esquisitas-dos-bauhaus"... Enfim, pérolas a porcos como diz a expressão...
O momento alto da noite foi, em termos pessoais, All Night Long, que Murphy nunca tinha tocado nos três concertos anteriores a que tive oportunidade de assistir (VN Gaia, Marés Vivas e Anadia). Fica aqui o alinhamento. Hoje, é em Lisboa.
Início: 21h50 - Fim: 00h00
Setlist:
1. velocity bird (ninth)
2. peace to each (ninth)
3. seesaw sway (ninth)
4. disappearing (cascade)
5. silent hedges (bauhaus, the sky's gone out)
6. subway (cascade)
7. a strange kind of love (deep)
8. black stone heart (bauhaus, go away white)
9. his circle and hers meet (love hysteria)
10. gaslit (Ninth, edição japonesa)
11. i'll fall with your knife (cascade)
12. i spit roses (ninth)
13. she's in parties (bauhaus, burning from the inside)
14. in the flat field (bauhaus, in the flat field)
15. raw power (iggy pop cover)
16. stigmata martyr (bauhaus, in the flat field)
17. memory go (ninth)
18. cuts you up (deep)
19. all night long (love hysteria)
ENCORE
20. the passion of lovers (bauhaus, mask)
21. the prince and old lady shade (ninth)
22. uneven & brittle (ninth)
ENCORE
23. cool cool breeze (alive just for love)
24. hurt (nine inch nails cover)
25. all we ever wanted was everything (bauhaus, the sky's gone out)
3 comentários:
Foi sem dúvida mais uma actuação cheia de energia apesar dos seus 54 anos do grande músico, compositor e interprete que é Peter Murphy. foi bonito de ver tanta gente de tantas gerações diferentes, pessoas da casa dos vinte aos 60 anos... momentos da noite, a entrada a todo o gás com os alucinantes "velocity bird" e "peace to each", "all night long" e "in the flat field", enfim uma noite para mais tarde recordar.
Este foi um concerto memorável. Concordo com o comentário acerca de All Night Long, que eu ouvi pela primeira vez ao vivo em 88 e repeti depois em 90, assim como ouvir "His Circle and Her´s Meet", que abriu o concerto de 88 e que se ouviu de novo em 90 (e ambas não se voltaram a repetir). Dispensava o Strange kind of Love, o I´ll Fall With Your Knife e mesmo o Cuts You Up, se bem que este último é sempre um momento de enorme comunhão com o público (talvez com arranjos diferentes...).
O concerto de 88 continua a ser o melhor de sempre mas este está logo a seguir, acima mesmo do de 90. O da Casa da Música foi um equivoco porque este homem não é para se ver sentado e com tantas restrições de movimentos, mas, musicalmente, foi muito bom.
Obrigado pelo vosso testemunho, AS e FM!
Enviar um comentário