sexta-feira, janeiro 30, 2004

FRANKIE GOES TO HOLLYWOOD

Relax, don't do it, When you want to go to it

Para começar, gostaria de desmentir um dos mais propagados boatos que se instalou na música mundial desde há vários anos: HOLLY JOHNSON, o ex-vocalista dos FGTH, NÃO MORREU, NUNCA MORREU, NEM ESTÁ MORTO. Em 1990 foi-lhe diagnosticada a presença do vírus HIV, mas, felizmente, tal como muitos outros nesta condição, ainda cá está para as curvas.


Das esq. para a dir.: Brian Nash, Paul Rutherford, Mark O'Toole, Peter Gill e Holly Johnson

Iniciaram a actividade em 1982 com o seguinte line-up: Holly Johnson (voz), Mark O'Toole (baixo), Peter Gill (bateria), Jed O'Toole, Sonya Mazunda (coros). O seu primeiro concerto foi como banda de suporte dos Hambi And The Dance, de cuja banda fazia parte um tal Paul Rutherford. Acontece que, nesse concerto, Paul juntou-se aos Frankie em palco e nunca mais saiu do grupo, substituindo Mazunda nos coros e acrescentando ao grupo mais um elemento distintivo através do seu estilo próprio a dançar.

As primeiras investidas do grupo na tentativa de assinar contrato discográfico não foram muito bem sucedidas. As editoras figuam a sete pés de uns tipos estranhos que se passeavam em palco de peito e rabo ao léu e incluiam nos seus espectáculos ao vivo elementos sado-masoquistas.



Em Dezembro de 1982, Jed O'Toole deixou a banda, tendo entrado para o seu lugar Brian Nash. A sorte dos FGTH mudaria a partir do momento em que o produtor Trevor Horn (ex-membro dos Buggles de Video Killed The Radio Star) os ouviu numa gravação que tinham feito para um programa de rádio. Estávamos em Fevereiro de 1983 e nada voltaria a ser como dantes. Uma das primeiras medidas drásticas de Horn seria proibi-los de actuarem ao vivo até que o som da banda atingisse o nível por si idealizado. A ideia era: já que eles gostam tanto de se armar em maus com toda aquela tanga do sado-maso, vamos discipliná-los!!

Em estúdio, para desespero de Trevor Horn, os FGTH eram ainda bastante ingénuos e tocavam um som demasiado agressivo para a ideia de perfeição que Horn queria alcançar. Assim sendo, pegou nas gravações feitas pela banda e, com a contribuição de Andy Richards nas teclas e Luís Jardim (sim, esse mesmo, dos Ídolos) na percussão, deu-lhes uma nova roupagem que deixou os rapazes convencidos da genialidade do produtor que lhes tinha caído do céu.

Relax foi lançado a 24 de Outubro de 1983, mas o sucesso previsto não se confirmou, tendo alcançado posições bastante modestas no top britânico. O bar The Tube convidou-os para uma actuação, mas foi a aparição no Top Of The Pops que lhes trouxe a sorte que até então não tinham tido. Relax subiu imediatamente na tabela (venderia cerca de 13 milhões de cópias em todo o mundo) e chegou a número um a 28 de janeiro de 1984 (ver post anterior). Uns dias antes, no dia 10, já BBC banira o disco de todos os seus programas, o que não prejudicou em nada o seu sucesso, antes pelo contrário... Seguiu-se o segundo single, Two Tribes (1984), e, em Outubro do mesmo ano, o álbum tão esperado: Welcome To The Pleasure Dome. Desde o White Album dos Beatles que a edição de um longa-duração não tinha levantado tantas expectativas em termos mundiais! Luís Jardim, na percussão, entre outros músicos de estúdio, foi chamado a dar a sua contribuição a este álbum, que incluiu, para além de Relax e Two Tribes, uma versão de Born To Run (Bruce Springsteen) e a magnífica balada, The Power Of Love, que seria editada no Natal desse ano.

O quarto single a ser extraído do álbum foi Welcome To The Pleasure Dome (1985) e, por esta altura, os FGTH eram um fenómeno à escala mundial, com digressões atrás de digressões. É claro que, como em tantos outros casos, quanto maior se sobre, maior é a queda, e, a partir de certa altura, as divergências entre Johnson e o resto da banda começaram a fazer-se notar. O vocalista queria ir numa direcção mais dançável, o que desagradava aos restantes membros. Mesmo assim, o novo álbum, Liverpool, foi editado em Outubro de 1986. Algo inesperadamente, Trevor Horn prescindira da produção do álbum e enviara Steve Lipson, alguém da sua confiança, mas que não agradou totalmente à banda, piorando o ambiente, que já não era bom. Ainda assim, Liverpool não foi o que podemos considerar um falhanço comercial e dele foram extraídos os singles Rage Hard (1986), Warriors Of The Wasteland (1986) e Watching The Wildlife (1987), que nunca chegaram a atingir o sucesso dos seus antecessores. Rage Hard era (e é), no entanto, uma música com bastante... como hei-de dizer... power! (esta palavra está muito na moda e dá um jeitaço quando não se sabe o que dizer...)



Em Março de 1987, após uma bem sucedida digressão europeia, Holly Johnson decidiu abandonar o grupo, prosseguir carreira a solo e... envolver-se num conflito judicial com a editora ZTT, que não queria deixá-lo rescindir o contrato. Mas isso agora não interessa nada. A solo de Holly Johnson gravou quatro álbuns, dos quais podemos destacar os singles Love Train e Americanos. Para elém da música, dedicou-se à pintura e, em 1993, escreveu a sua autobiografia intitulada A Bone In My Flute.

Paul Rutherford também se aventurou a solo, mas o êxito não quis nada com ele. Os outros três membros, O'Toole, Nash e Gill continuaram como Frankie Goes To Hollywood e até colocaram um anúncio na imprensa para novo vocalista. Dee Harris (1987) e Grant Boult (1988) ocuparam a vaga, mas, em 1988 descobriram que Holly Johnson tinha registado o nome do grupo em 1985 e que não poderiam continuar a usá-lo. Os Frankie Goes To Hollywood, como banda, se já não estavam mortos, agora estavam definitivamente enterrados.

A 24 de Outubro de 2003, os cinco Frankies de sempre reuniram-se para um programa da VH1. Foi só uma entrevista, sem confirmação de que os elementos do grupo voltariam a tocar ou a gravar juntos... Mas nunca se sabe...

ÚLTIMA HORA! Parece mentira, mas não, é mesmo verdade: um grupo está a fazer-se passar pelos Frankie Goes To Hollywood, em vários locais do mundo, incluindo os EUA, apresentando-se em digressão e reclamando para si todo um passado de sucesso de que já vos dei conta. Incrível não? Toda a história em http://www.fgth.net (em fgth news)


Algumas curiosidades para os fãs hard-core:

. A primeira banda de Holly Johnson chamava-se Big In Japan e editou um single homónimo em 1977.

. O nome Frankie Goes To Hollywood surgiu de uma frase retirada da revista The New Yorker, a qual referia uma digressão Frank Sinatra a Hollywood.

. O nome FGTH já tinha sido escolhido por Holly Johnson para uma das suas bandas anteriores, em 1980, que nunca chegou a tocar ao vivo, nem sequer a gravar.

. Os FGTH compunham sempre a música em primeiro lugar. Só depois vinham as letras. A primeira tarefa ficava normalmente a cargo de Mark O'Toole, enquanto que Holly Johnson se ocupava das lyrics.

. Foi uma frase do filme Mad Max II que inspirou a composição de Two Tribes. A frase é "When to great warrior tribes go to war".

. Mike Read foi o locutor de Radio One que ficou famoso por atirar o disco de Relax contra a parede, em pleno estúdio e em plena emissão, dizendo que era "explicitamente obsceno". Pelos vistos, Read tinha já passado o disco montes de vezes, só que naquele dia, leu por acaso as letras que estavam na capa e que diziam a certa altura "Suck It" (ainda por cima tinham sido alteradas por alguém, pois o original era "Sock It").

. Two Tribes e Relax ocuparam os dois primeiros lugares do top em Julho de 1984, feito apenas até então conseguido pelos Beatles (Hello, Goodbye e Magical Mystery Tour).

. Para conseguirem impor relax nos States, os FGTH tiveram de alterar a capa do disco e fazer um novo vídeo. Até então só a comunidade gay se interessava por eles. Já agora, Holly Johnson e Paul Rutherford sempre afirmaram a sua condição de homossexuais.

. Na passagem de ano de 1984/1985, os FGTH actuaram ao vivo na MTV americana. Que houve de especial nesta actuação? Os Duran Duran juntaram-se-lhes em palco para tocarem Relax... Deve ter sido curioso...

. Apesar de apenas contarem com dois álbuns de originais, os FGTH lançaram um best of. Chama-se Bang! e é de 1993.

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