Setembro é mês de regresso às aulas e eu aproveito o facto para lembrar aquele hábito tão saudável e criativo de colar nas capas dos cadernos diários as fotos de tudo quanto era banda, cantor/cantora, retirados da
Bravo, essa revista que não fez nada pelo nosso alemão, porque o que interessava mesmo eram as imagens. Tratava-se de coisa muito séria, diria mesmo, um dos mais importantes atos de afirmação pessoal perante a turma e uma ótima estratégia para convencer a miúda da carteira do lado de que éramos mesmo "tótil fixes". O que realmente interessava não era colocarmos lá aquilo que nós ouviamos ou a música de que verdeiramente gostávamos. O importante era seguir a tendência geral e arranjar imagens tão raras quanto possível (o pessoal que tinha jeito para o desenho "faturava" bastante com as miúdas).
Aqui está a frente de uma das minhas capas da escola. Está ali a Sandrinha, o Boss, o Bryan Adams e o Paul Young. A presença dos Modern Talking é um erro de casting, aliás, se repararem bem, existe uma cruz bem marcada por cima da foto deles, o que me iliba de quaisquer juízos de valor sobre os meus gostos musicais. No canto inferior direito, um dos heróis do ténis da altura, o Boris Becker, apesar de o meu ídolo ter sido sempre John Mcenroe. A menina que está descascada na foto a preto e branco é a actriz Apollonia Kotero do filme Purple Rain. Na altura não fazia a mais ínfima ideia de quem ela era, mas achei que a sua inclusão na capa se justificava plenamente.
Qualquer capa que se preze tem o chamado "outro lado da capa". Esta não fugia à regra. Aqui introduzi a paixão pelo "futebol", que era tão importante naquela altura (e ainda é). Eram os tempos de uma super-seleção da Alemanha, em que pontificavam jogadores como
Jakobs,
Herget e
Briegel. Se reparararem, no canto inferior direito falta uma imagem que foi retirada por mim para a incluir numa outra capa. Tratava-se do meu grande ídolo da altura:
Madjer. Quem segue minimanente o fenómeno futebolístico sabe de quem estou a falar. Em termos desportivos ainda houve espaço para uma foto do
Boris Becker "in action".
A música, claro, volta a fazer parte desta capa, mas com menos destaque. Mesmo assim repetem-se as presenças de
Springsteen (eu era doido pelo
Born In The USA, álbum) e
Paul Young, cujo refrão
"Sempre que bazas da minha beira, levas um coche de mim contigo", me fartei de dizer a uma chavala, que nunca me deu troco. Mas adiante. Há ainda espaço para os enormes
Tears For Fears, uma das minhas paranóias da altura.
Para terminar, duas referências ao cinema, uma por motivos puramente cinéfilos -
Indiana Jones, a grande referência do filme de ação dos anos 80 - e outra por motivos puramente estéticos -
Brooke Shields, a grande referência de alguns sonhos erótico-artísticos de muitos adolescentes.
Para juntar dois lados de uma capa, existe sempre uma lombada. Aqui vinham mesmo a calhar uns autocolantezinhos que vinham na Bravo, que funcionavam um pouco como a "chicla" no fundo do gelado Epá. Ora cá estão eles, para completar a apresentação da minha capa escolar de mil novecentos e oitenta e qualquer-coisa... Podem clicar para verem "em maior". Ei, atenção às bocas por causa dos Modern Talking, ok?