Num fim de semana em que se falou dos vinte e cinco anos da queda do Muro de Berlim, lembrei-me de trazer ao Queridos Anos 80 uma
playlist composta por temas de artistas alemães. O país da Srª. Merkel produziu, durante a década dourada da pop, alguns dos grandes êxitos europeus da altura. Da pop eletrónica
one-hit wonder dos
Trio até ao
hard-rock de estádio do
Scorpions, passando pelo inevitável
euro-disco de
Fancy ou dos
Modern Talking, a Alemanha sempre se posicionou bem nas tabelas de vendas de discos, mas nunca cheirou sequer aos calcanhares da indústria britânica (no futebol, levou, sem dúvida, a melhor...). Ainda assim, fez o suficiente para ficar na história da música dos anos 80. E aqui estão dez propostas que podem ouvir, já sabem, no
facebook oficial do Queridos Anos 80.
Alphaville - Big In Japan
Os Alphaville, que começaram por se chamar... Forever Young, tiveram em Big In Japan o seu grande sucesso. Há quem diga que o título da música que os levou à fama mundial era uma homenagem a uma banda, com os mesmo nome, que Marion Gold, o vocalista, tinha ouvido em finais dos anos 70. Dessa banda fazia parte um tal de Holly Johnson...
A canção varreu o primeiro lugar de muitos tops europeus, inlcuindo Portugal, mas no Reino Unido ficou-se pelo oitavo lugar. O teledisco foi realizado por Dieter Meier, dos Yello.
Sandra, a menina
Maria Magdalena, gravou, em 1984, uma
versão em alemão de Big In Japan, com o título
Japan Ist Weit. Os Guano Apes têm também uma versão, de 2000.
Camouflage - The Great Commandment
Os
Camouflage formaram-se em 1983 e ainda estão em atividade. Este
The Great Commandment é o seu único êxito, digamos, internacionalmente sólido. A colagem aos Depeche Mode é evidente o que talvez explique o êxito algo inesperado que esta música obteve nos Estados Unidos. Em 2001, a banda resolveu regravar a música,
numa versão 2.0 tipo carrinhos de choque. Não gostei.
Fancy - Bolero
Chama-se Manfred Alois Segieth, tem 68 anos e ainda faz discotecas, entendendo-se este "faz" como o saltar para um pequeno recinto chamado pista de dança e cantar em playback total três ou quatro êxitos que fizeram de
Fancy um dos expoentes máximos da vertente alemã do
italo-disco.
Bolero estará sempre presente numa setlist de Fancy, ele que nos anos 70, era Tess Teiges e
cantava "Eu voltarei, pequena geisha"...
Kraftwerk - Computer Love
O normal é olharmos para os Kraftwerk como uma banda dos anos 70, década em que editaram seis álbuns e estabeleceram a base que haveria de influenciar toda uma galáxia de bandas de cariz eletrónico (alô, Depeche Mode!) que se desenvolveram nos anos 80. Mas estes alemães muito bem penteadinhos e tão sorridentes gravaram dois álbuns nos anos 80, o que os torna imediatamente elegíveis para esta lista. Escolhi Computer Love, que foi o primeiro single extraído do álbum Computer World, de 1981, e em cujo lado B surge The Model, que tinha sido editado como single em 1978.
Os Camouflage, de que falo ali acima, têm uma versão desta música, mas quem usou com mais proveito a melodia deste tema foram
os Coldplay no tema Talk. Vá lá que pediram autorização aos Kraftwerk...
Modern Talking - Cheri Cheri Lady
Eu sei que estavam à espera do You're My Heart You're My Soul mas os Modern Talking são muito mais do que essa canção. Eles são Atlantis Is Calling, eles são You Can Win If You Want, eles são Brother Louie, eles são Geronimo's Cadillac, eles são... Cheri Cheri Lady. E agora, que captei de forma notável a vossa atenção, apenas acrescento que eles são, na realidade, Dieter Bohlen, o loiro, e Thomas Anders, o moreno.
Nena - 99 Red Balloons
Originalmente lançada em língua alemã, com o título 99 Luftballons, esta foi uma canção de protesto anti-nuclear. O texto conta a história de 99 balões que são confundidos com OVNIs, o que leva a uma pronta reação por parte das autoridades militares. São enviados caças que, após perceberem o engano, se dedicam a brincar ao tiro ao balão. Isto irrita os líderes dos países vizinhos, que decidem reagir a esta demonstração de poder bélico com... poder bélico. Tudo acaba numa devastadora guerra de 99 anos. O texto da versão inglesa tem ligeiras modificações na estrutura narrativa, mas a objetivos são os mesmos.
Curiosamente, a versão alemã foi a preferida dos americanos e dos australianos, sendo que é, ainda hoje, um dos maiores êxitos de sempre em língua não inglesa nos EUA. No Reino Unido, a versão inglesa chegou o primeiro lugar das tabelas.
Propaganda - Duel
Esta faz parte da minha banda sonora pessoal da década de 80 e é sempre um prazer passá-la em eventos de botadisquismo. Duel foi o single de maior sucesso dos Propaganda e integra esse álbum de estreia fabuloso, A Secret Wish (1985), do qual também fazem parte Dr. Mabuse e P-Machinery.
Duel tem sido utilizada em vários eventos desportivos.
Sandra - Maria Magdalena
Antes de ter uma carreira a solo, Sandra fez parte de uma girl band chamada Arabesque. Em 1985, sob orientação do marido Michael Cretu, Sandra editou o álbum de estreia cujo primeiro single se revelou um estrondoso sucesso em toda a Europa, Portugal incluído, onde chegou ao primeiro lugar das tabelas de vendas. Maria Magdalena apresentava uma sonoridade synth-pop um pouco a entrar pelo meandros do euro-disco com uma melodia suficientemente catchy para conquistar os ouvidos dos amantes do género. Depois, havia a figura, diria, estimulante, de Sandra, cujas imagens ocuparam muitas paredes de quartos adolescentes. Pelo meu quarto passou um poster de Sandra, retirado da revista Bravo.
Scorpions - Still Loving You
Esta é, com pouca margem de erro, muito provavelmente a
power ballad que maior sucesso obteve no nosso país. Lembro-me de ver, semanas a fio, o teledisco da música que ocupava o primeiro lugar da tabelas de singles. Os
Scorpions perceberam isso e estabeleceram com Portugal uma relação muito próxima. Um dos pontos altos desta relação foi a gravação de
um álbum acústico no Convento do Beato, em Lisboa (2001).
Trio - Da Da Da
Termino esta playlist com os
Trio, uma banda da
new wave alemã que teve apenas cinco anos de existência, mas que inscreveu o seu nome da história da música pop através deste
Da da da, ich lieb dich nicht, du liebst mich nicht, aha aha aha, mais convenientemente conhecido por apenas
Da Da Da. A música tem sido utilizada em muita publicidade televisiva. Em Portugal,
Herman José gravou uma
versão, em português, em 1982.