Prince deixou-nos hoje. O mais criativo músico pop americano dos anos 80 - e um dos maiores de sempre - morreu aos 57 anos, deixando um legado musical impressionante: cinco décadas de música, múltiplos prémios, cerca de quarenta álbuns e, segundo reza a lenda (e, já se sabe, "génio" e "lenda" andam sempre de mãos dadas), à volta de mil canções escritas em nome próprio ou sob vários pseudónimos. A sua produção discográfica é tão extensa e prolífica como o foi o seu talento.
Um talento que se revelou logo nos finais dos anos 70, para atingir todo o esplendor nuns anos 80 que lhe assentaram tão bem e o projetaram à escala mundial. Foi impossível não sermos de alguma forma tocados pela sua música - mesmo quando nos movimentávamos, como era o meu caso, no espaço musical ocupado por bandas como The Smiths, Echo & the Bunnymen, Jesus and Mary Chain ou New Order. E essa inevitabilidade é o que distingue a genialidade da trivialidade. Prince entranhou-se em nós, mesmo antes de o estranharmos.
Celebremos, então, Prince Rogers Nelson. Celebremos aquela Purple Rain que dançámos num verão adolescente qualquer, agarrados à miúda que queríamos para toda a vida. Celebremos aquela When Doves Cry ou a I Could Never Take The Place Of Your Man que nos puxaram, tantas vezes, indefesos, desarmados, para a pista de dança. Celebremos a voz, a guitarra, o sorriso malicioso atirado às suas partenaires, fossem elas Wendy and Lisa, Sheila E, Sheena Easton ou aquelas duas miúdas do teledisco do Cream. Celebremos as incríveis espargatas em saltos altos que o víamos fazer como se fosse um desenho animado. Celebremos a sua música que nos vai acompanhar sempre.