Sou um fã de cerimónias de entrega de prémios, sejam eles do cinema, da TV ou da música. Quando chega a ocasião, lá estou eu, sentadinho no sofá. Nem que seja a visionar a cassete VHS que deixei a gravar (sim, aqui ainda não se usam essas modernices dos gravadores de DVD de sala com hard-disk). Pela música, pelo desfile de artistas, pelo ambiente criado à volta das cerimónias, pelo espectáculo em si. Talvez seja a consequência do facto de se contarem pelos dedos os momentos em que, na minha infância/adolescência, tive a oportunidade de ver os meus ídolos musicais aparecer na televisão. Eram tempos em que o TOP Disco era sagrado e o Countdown do Adam Curry era uma instituição.
Como de costume, vi os últimos European Music Awards, desta vez em Copenhaga, e, à excepção do desempenho do apresentador (muito bem, o Justin Timberlake) e do prémio de Melhor Grupo para os Depeche Mode, estes prémios foram um fiasco. Nem mesmo a invasão de palco pelo "cromo" do Kanye West se safou. Se ele queria fazer uma coisa decente e bem feita, deveria ter aprendido com os Fine Young Cannibals, que, numa entrega de prémios quaisquer, algures nos anos 80, despejaram um iogurte, ao vivo e a cores, em cima da cabeça do vocalista dos Matt Bianco. Isto sim, eram tempos de javardice com nível. Kanye West nem um Actimelzito tinha para despejar nos rapazes que ganharam o prémio de Melhor Vídeo. limitou-se a dizer o óbvio: que tinha gastado 1 milhão de dólares no videoclip, que respeitava os tipos que ganharam, mas que não tinha visto o produto deles. Muito, muito fraquinho.
Outro momento verdadeiramente tenebroso e digno de propriedades laxativas foi a suposta performance cómica de uma "Madonna" que apareceu em palco a fazer figuras tristes. Se aquilo era um acto de retaliação por uma possível nega da cantora, digo-vos desde já que é de muito baixo nível por parte da MTV. Nem quero acreditar nessa hipótese. A outra hipótese é aquilo ser mesmo uma tentavia de fazer humor, o que configura um verdadeiro atentado à inteligência dos espectadores.
Queria ainda falar-vos daquele momento em que são apresentados os nomeados, o momento em que dois artistas sobem ao palco, dizem (lêem) umas larachas e dizem a frase "...and the nominees are". O que se segue a este momento é cada vez mais insuportável. A realização da coisa quer ser tão avançada, tão sofisticada, que estraga completamente a visualização/audição dos nomeados. No passado, era tudo muito simples e eficaz: dizia-se o nome do artista/grupo e logo a seguir, durante uns 5 segundos, tínhamos um excerto da música. Agora, somos agredidos (é mesmo este o melhor termo que encontro) com uma série de efeitos visuais/sonoros, capazes de nos dar a volta ao estômago, misturados com meias-frases e palavras soltas dos artistas e um bocadinho da música em questão - tudo isto numa tentativa de mostrar "quão modernos e inovadores nós somos". Bom, para mim é lixo.
Foram, seguramente, os piores prémios que eu me lembro de ver. Podemos acrescentar ao que disse antes a fraca qualidade de som, as entrevistas repetitivas e atrapalhadas da rapariga que estava na passadeira vermelha, a pobreza dos textos dos apresentadores de nomeados, entre outras coisas. A cerimónia de prémios em Portugal foi de longe superior a esta.
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