Aquele que é o maior ex-libris portuense da década de 80 no que toca a cinema hardcore 1º escalão e a teatro de revista (uma convivência curiosa...), o mítico Teatro de Sá da Bandeira acolheu um grande concerto dos Psychedelic Furs, na quarta-feira. No meu caso, mais uma etapa ganha neste recuperar de velhos ídolos ainda dentro do prazo de validade.
Foi um concerto com uma proximidade quase “pornográfica” entre o público e a banda. Não havia barreiras, apenas as cadeiras que toda a gente abandonou logo aos primeiros acordes de I Wanna Sleep With You. Senti-me tentado, antes, aquando de Pretty In Pink, a tomar a iniciativa, mas temi ficar sozinho, com o meu amigo, lá na frente, a fazer figura de parvo. O único trabalho que os dois seguranças do teatro tinham era o de evitar que os copos de cerveja fossem pousados no palco. Todos os concertos deviam ser assim, embora compreenda que não pode ser.
Esta proximidade creio que foi do agrado da banda, cujos membros não se inibiram de virem até ao limite do palco.
Mars Williams esteve praticamente em cima de nós com os seus magníficos solos de saxofone, ele que é uma espécie de semi-membro permanente do grupo, como podemos ler aqui.
Tim Butler mostrou ao pormenor a sua caveira estrategicamente colocada na lapela do casaco e só não me acertou com o baixo porque consegui desviar-me. E
Richard Butler passou o tempo todo a cumprimentar os fãs mais à frente, enquanto cantava.
Rich Good, o guitarrista, foi o mais comedido dos quatro (já agora, vale a pena ver as fotos que tirou do Porto e de Lisboa). Quanto a
Paul Garisto (bateria) e
Amanda Krammer (teclas), obviamente não podiam vir até ao público (ainda que eu não me importasse que a Amanda viesse).
Ficam sempre canções de fora, canções que gostávamos de ouvir. No meu caso, Here Come Cowboys, Heartbreak Beat, All That Money Wants e Until She Comes. Mas fui positivamente surpreendido pela recuperação de In My Head, uma canção que eu adorava e que tinha perdido na minha memória. Faz parte do último álbum dos Furs, World Outside (1991).
Uma nota menos positiva vai para a iluminação, mais precisamente para o destaque que deveria ser dado, e não foi, aos músicos em determinados momentos. Deu a impressão que não havia focos a partir do fundo da sala que incidissem individualmente nos músicos. Nos vídeos que coloquei no blogue podemos constatar isso mesmo.
No final do concerto, “tropecei” autenticamente na banda, que estava a sair em direcção ao autocarro. E tirei fotografias ao lado de Richard Butler e... Amanda Krammer. Tanto ele como ela, simpatiquíssimos e colaborativos. Richard contrariou mesmo o segurança que o acompanhava (e que, inicialmente, me probiu de tirar a foto) com um “No, no, it's OK, it's OK”.
Uma palavra final para a banda que abriu o concerto, os portugueses
Corsage, cuja prestação teve um efeito imediato: levar-me a querer comprar o CD. Acho que é para isto que as bandas tocam ao vivo, não? Henrique Amoroso, vocalista, no final, confidenciou-me que o concerto no Porto tinha sido “mais quente” do que o de Lisboa (o Coliseu dos Recreios esteve a meia casa...), e ainda pude dar um abraço ao meu amigo Pedro Temporão, o baixista da banda.
Para ver todas as fotos do concerto dos Psychedelic Furs no Porto: http://www.facebook.com/queridosanos80.