Falar dos The Mission é quase, para mim, uma questão religiosa. É por isso que escrevo estas linhas com a emoção de um adolescente armado em gótico. É que os Mission estão umbilicalmente ligados à minha história musical. Foi deles o primeiro concerto internacional a que assisti, no dia 12 de Novembro de 1988, no já extinto Pavilhão das Antas. São muitas as memórias que guardo daquele momento mágico, mas nenhuma assume o destaque do início do concerto com The Crystal Ocean. Muito fumo no palco, primeiro as teclas já programadas, depois todos os instrumentos numa entrada gradual, a bateria de Mick Brown, o baixo de Craig Adams, a guitarra de Simon Hinkler, e finalmente a entrada de Wayne Hussey em palco. Chapéu, cabelo comprido e óculos escuros. Como se fosse hoje.
As origens dos The Mission remontam aos finais de 1985, quando Wayne Hussey e Craig Adams decidem deixar os Sisters Of Mercy, em conflito aberto com o líder, Andrew Eldritch. Não perdem muito tempo até convidar Mick Brown e Simon Hinkler para fazerem parte de um novo projecto chamado The Sisterhood. Com esta designação, chegam a entrar em digressão europeia com os The Cult, mas problemas judiciais obrigam-nos a mudar de nome. Nascem assim os The Mission.
Os dois primeiros singles apresentam, desde logo, a identidade musical da banda. Stay With Me e Severina possuíam a força e a melodia de um rock gótico a que não estávamos habituados e mostravam o lirismo pungente das letras de Wayne Hussey. Severina conta com a voz angelical de Julianne Regan (All About Eve) nos coros, e é graças ao sucesso deste single que os Mission conseguem a sua primeira atuação no mítico Top Of The Pops, da BBC.
Editam o primeiro álbum em Novembro de 1986. Chama-se God's Own Medicine e é, ainda hoje, um marco no rock gótico dos anos 80, com temas como Wasteland, Stay With Me, Severina e Love Me To Death. Um álbum obrigatório.
Em Junho de 1987 segue-se-lhe The First Chapter, um álbum que reúne todos os sons da banda anteriores à assinatura de contrato com a Phonogram. Deste disco fazem parte Like A Hurricane (um original de Neil Young), The Crystal Ocean e Dancing Barefoot (um original de Patti Smith).
Os concertos da banda começam a tornar-se objeto de culto em todo o mundo e a passagem por Portugal acontece em clima de histeria. Lembro-me de um Pavilhão das Antas a abarrotar para os receber em êxtase. Aqui fica o alinhamento do concerto: The Crystal Ocean, Beyond The Pale, Severina, Belief, Stay With Me, Kingdom Come, Deliverance, Tower Of Strength, Wasteland, The Grip Of Disease, Hymn (For America), Sacrilege, Dream On, Love Me To Death, 1969, Dancing Barefoot e Shelter From The Storm. Este ultimo tema incluiu um medley com Light My Fire (The Doors) e Satisfaction (Rolling Stones).
Em Fevereiro de 1988 surge Children, um absoluto sucesso, produzido por John Paul Jones (ex-Led Zeppelin). Um dos melhores momentos deste álbum é sem dúvida o incomparável Tower Of Strength, que inclusivé cria o ritual da torre humana nos concertos do grupo. Outros grandes temas deste álbum são Beyond The Pale, Heaven On Earth e Kingdom Come.
Em finais da década de 80, o mundo rende-se aos The Mission. As votações dos leitores das revistas Sounds e Melody Maker dão-lhes a vitória em quase todas as categorias, incluindo Melhor Banda, Melhor Álbum, Melhor Single e Melhor Banda Ao Vivo, ultrapassando mesmo os U2 e o seu Rattle And Hum.
Continua...
4 comentários:
Também estive nesse concerto de 88, mas no Pavilhão do Belenenses... E não podia faltar a este... :)
Devias vir ao Porto e depois ias à Synergy :)
Não me tentes... :)
The Mission UK pode vir para o Brasil...
http://tragaseushow.com.br/4-the-mission-uk-em-porto-alegre
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