Da da da I don't love you you don't love me
Remmler, Berhens e Krawinkel: os Trio são mesmo um trio!
Quando um dia se fizer a História do Refrão Minimalista, os Trio serão justamente considerados um grupo pioneiro nessa arte de fazer de um refrão algo que diz coisa nenhuma. Neste âmbito, os nossos EZ Special já serão a actual principal referência portuguesa no movimento do refrão minimalista, com os seus “ah, la, la, la, la, uuhhh” ou “pe, tche, re, pe, pe... I’m gonna need you tonight... pe, tche, re, pe, pe...”.
E perguntam vocês: os Trio? Quem são os Trio, c’o a breca? Como resposta, apenas me ocorrem três “palavras”: DA DA DA. Exactamente, esse refrão que nos ataca quando ligamos o rádio, numa publicidade de um esquema que promete encher-nos os bolsos com o dinheiro que quisermos (mas nós, claro, não vamos na conversa).
Os Trio são (eram) alemães e entraram para a dança dos tops em 1982 com este Da Da Da, uma das canções mais fascinantemente imbecis de que há memória. Ao ouvi-la, sinto que o meu QI talvez se aproxime do de uma galinha sexagenária. Será pela constatação dolorosamente simples de um amor acabado em “I don’t love you/You don’t love me”? Será pelo som ridículo daquele sintetizador Casio que eles usavam, que se assemelha ao som de um qualquer joguinho de computador da nossa infância? Será pela multiplicação daquele sussurro cheio de significado existencial “Aha, aha, aha”? Sim, por tudo isto junto e tudo o mais de que se lembrarem quando ouvirem esta pérola-pop que foi um sucesso mundial. A Volkswagen também gostou da música a aproveitou-a para um anúncio televisivo.
Os Trio eram Stephan Remmler (voz e teclas), Kralle Krawinkel (guitarra) e Peter Berhens (bateria) e fizeram parte da chamada Neue Deutsche Welle (New Wave Alemã). Entre 1981 e 1985 os Trio lançaram três álbuns – Trio (1981), Bye Bye (1983) e What’s The Password (1985), uma cassete ao vivo e um filme que ninguém viu, intitulado Drei Gegen Drei (Três Contra Três). O humor fez sempre parte das suas actuações. Não era estranho ver, por exemplo, Peter Berhens a comer uma maçã em vez de tocar de pé a sua bateria minimalista nas actuações do grupo em playback. Ou então ver o vocalista a utilizar os mais diversos brinquedos fingindo que eram instrumentos. Em suma, eram uns bem-dispostos.
Depois da separação do grupo, apenas Stephan Remmler conseguiu manter uma carreira minimamente bem sucedida... pelo menos na Alemanha. Em 1996 deixou a música enquanto artista e dedicou-se à produção. Em 2003 lançou os seus filhos no mundo musical. Cecil, Jonni e Lauro já gravaram uma versão de... adivinhem... exactamente... Da da da. Será que o papá os obrigou? Tudo é possível.
Kralle Krawinkel, o guitarrista, tem os eu nome no Livro do Guiness por ser o homem que mais tempo andou a cavalo de uma só vez. Fascinante, hein?
Quanto a Peter Berhens, lançou alguns singles sem sucesso, entre os quais uma versão alemã de Tom’s Dinner, de Suzanne Vega. Chegou a trabalhar como palhaço num circo, o que pode servir de pista para interpretar a afirmação de que teria gasto todo o dinheiro ganho nos Trio em drogas, álcool e gajas (leia-se, prostitutas). Ele parece ser o exemplo vivo de que o sucesso no roque-and-role não é eterno e pode eventualmente dar para o torto.
Em 2003 foi editado um DVD com os telediscos do grupo. Para os verdadeiros fãs.
Uma última curiosidade: a versão portuguesa de Da da da tem, no lado B, um tema que consegue ser ainda mais indescritível que o principal. Chama-se Sabine e vocês não o querem ouvir, acreditem.
E agora vão ali ao lado à radio.blog e, caso tenham coragem, cliquem na quarta faixa. Juntem a família, assim à laia de karaoke e cantem. Aqui têm a letra da versão alemã e aqui a letra da versão inglesa.
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