
Entre as referências da nossa infância ou adolescência, para além da nossa família e professores, há aqueles nomes que, a dada altura se cruzaram no nosso caminho, com quem eventualmente até nunca falámos, mas que, por alguma razão, deixaram uma marca duradoura no nosso crescimento. No meu caso,
António Sérgio, o jornalista de rádio que faleceu anteontem, está nesse grupo de pessoas sem as quais, se calhar, uma parte de mim não seria o que é hoje. Refiro-me, claro, à parte que gosta de música. Com Sérgio aprendi a ouvir música. Com o
Som da Frente, percebi que havia muito mais música para além das tabelas de vendas que o TOP Disco mostrava, muita coisa que valia a pena ser escutada, ouvida, devorada. Nomes como Wire, Band Of Susans, The Pursuit Of Happiness, Ultra Vivid Scene, Pale Saints chegaram-me através da voz grave e intensa de António Sérgio. E curiosamente, no meu caso, "Som da Frente" foi, durante algum tempo, nos anos 80, uma designação para um estilo de música, dita de vanguarda, e que nos anos 90 tomaria a importação de
indie. Só depois percebi que se tratava de um programa de rádio que dava a más horas, mas que, e se calhar por isso mesmo, valia a pena ouvir e sacrificar tempo de descanso.
Sem comentários:
Enviar um comentário