sexta-feira, janeiro 21, 2011

MARCO PAULO (66)

Há dias a minha mãezinha pôs a tocar o CD do Marco Paulo que eu lhe ofereci nos anos e eu dei por mim, quase inconscientemente, a bater o pezinho ao ritmo do Deixa Viver:

Deeeeeeixa viveeeeeer
As pedras que atiraaaaas
Não hão-de acertaaaaaar em ninguéééém
Deeeeeeixa viveeeeeer
Não fiques paradaaaaaa
Aprende a estar viiiiiva tambééééém
(acho que é assim)

Depois, passei o dia todo a reflectir sobre este momento da minha vida e a tentar tirar algum significado profundo do mesmo. E cheguei à conclusão de que, vinte e tal anos depois, perdoei Marco Paulo e me encontro em paz com o mal que a sua música me fez na adolescência. Depois do flagelo que constituiu para humanidade o advento da música pimba, nos anos 90, com os Emanueis, os Iran Costas, as Micaelas e as Rutes Marlenes, cheguei à conclusão de que o Marco Paulo é um senhor. E estou disposto a dizer-lho pessoalmente, olhos nos olhos, se um dia o acaso cruzar os nossos caminhos. O homem (que, já agora, se chama João Simão da Silva) enchia pavilhões e vendia como ninguém nos anos 80, entrava pelas nossas casas dentro sem pedir licença, fosse através do Despertar do António Sala, fosse através do Natal dos Hospitais, e eu ficava ali a olhar (e a ouvir), sem perceber toda aquela loucura à volta daqueles caracóis e do lançar do microfone, habilmente, de uma mão para a outra. Agora percebo. Marco Paulo é o maior artista de música ligeira portuguesa dos últimos 30 anos e o resto é conversa. E um indicador disso mesmo é que cada um de nós tem na ponta da língua pelo menos três refrões de músicas que ele interpretou. Olhem, as minhas são os Eu Tenho Dois Amores, o Joana e o Deixa Viver. Isto deve querer dizer alguma coisa.
Hoje, Marco Paulo completa 66 anos. Parabéns!

4 comentários:

Pedro disse...

Um grande Senhor mesmo

memyselfandi disse...

Estou contigo quanto a isso do Marco ser um senhor comparando-o aos outros senhores e senhoras que interpretam a tal musica ligeira portuguesa de cariz popular que nos invadiu o mundo nos anos 90. Eu, se começar o dia a cantarolar 'Ó Joana, pensar que estivemos tão perto...' =D=D=D levo nisto até ser noite! É que se cola à gente como lapas! Digo eu, vá!

Jorge Guimarães Silva disse...

Antes do Marco era o António Calvário, depois do Marco é o Tony Carreira. Acho que cada geração de adolescentes tem um "verdadeiro artista". Já agora, pelo menos o Marco Paulo foi honesto: sempre disse que a música dele eram traduções de êxitos da música ligeira alemã (isto nos anos 70, inícios de 80).

Alexandre Nobre disse...

Independentemente de se gostar ou não do Marco Paulo, não estou a ver um artista português mais popular que ele na década de 1970 e, talvez, na de 1980.