O festival de música que marcou a minha adolescência realizou-se há 26 anos. O Live Aid, a partir de uma ideia de Bob Geldof (Boomtown Rats) e Midge Ure (Ultravox), foi o festival que me prendeu à TV durante largas horas. Na ausência de programas de telediscos, de estações televisivas de música, esta foi a primeira oportunidade de ver os meus ídolos ao vivo... e a preto-e-branco, no meu caso.
A história do Live Aid começa uns meses antes com a canção Do They Know It's Christmas. Depois de ter visto as imagens que horrorizaram o mundo - seres humanos a morrer de fome na Etiópia - Bob Geldof juntou-se a Midge Ure e ambos decidiram compor uma canção que seria interpretada pelos maiores nomes da música britânica da altura, entre os quais estavam Sting, Phil Collins, George Michael, Bono, Duran Duran, Culture Club, Spandau Ballet e Bananarama. O objectivo era simples e ambicioso ao mesmo tempo: angariar fundos para ajudar as vítimas da fome na Etiópia. Surgiu então o single Do They Know It's Christmas, que foi fenómeno mundial de vendas (8 milhões de libras) e é ainda hoje tema obrigatório na época natalícia.
O sucesso de DTKIC deverá ter levado Geldof a pensar mais alto. Havia que aproveitar a generosidade da música e só ao vivo ela poderia, com toda a sua força, fazer alertar o mundo para um problema tão real como distante. Decidiu-se então organizar um concerto que congregasse o que de melhor a música tinha nos anos 80. Foram escolhidos dois palcos - o Estádio de Wembley, onde teria lugar o desfile de artistas britânicos, e o Estádio JF Kennedy, em Filadélfia, onde os artistas americanos actuariam para o mundo. Esta regra não se aplicou na perfeição pois, por exemplo, os Duran Duran actuaram no palco americano.
Phil Collins foi o único artista que actuou nos dois palcos. Entrou em Wembley às 15.18 para tocar com Sting durante cerca de meia-hora. Depois apanhou o Concorde para Filadélfia. Durante a viagem foi entrevistado em directo para a BBC, enquanto Carlos Santana actuava no Estádio JF Kennedy. Entrou no palco americano à 1.00 da manhã (hora inglesa) para cantar Against All Odds e In The Air Tonight.
Aqui pode ver-se um quadro detalhado das actuações, horários e músicas interpretadas. A avaliar pela reacção do público e da imprensa da altura, as actuações mais conseguidas foram as dos U2 e dos Queen com Bono e Freddie Mercury em grande forma.
O Live Aid, nas suas duas vertentes, arrecadou cerca de 40 milhões de libras, dinheiro que foi canalizado para a ajuda aos mais necessitados em África. É claro que este evento não resolveu o problema, mas pelo menos aproximou-nos daqueles que até então eram "invisíveis" aos olhos do mundo desenvolvido.
Para mim, o Live Aid foi um momento mágico em que pude ver pela primeira vez os meus ídolos da música tocar ao vivo. Desde os U2 até aos Simple Minds, passando por Duran Duran, Nik Kershaw, Paul Young, Madonna, enfim tantos! Foi também o da desilusão de ver uma das minhas bandas preferidas da altura cancelar a sua participação - os Tears For Fears - ou de não poder acompanhar a parte americana do concerto até ao fim porque a minha mãe não deixou (o concerto acabou às 4 da manhã)!
Hoje, 26 anos depois, e com a edição do DVD, disponível já há seis anos, podemos recordar todo este fantástico evento. Convido-vos desde já a deixarem nos comentários as vossas memórias deste dia!
8 comentários:
Andava ansiosa que esse dia chegasse, pois numa época que mal havia videos (na época telediscos), e programas de música e muito menos concertos de grandes bandas, era uma oportunidade de vermos as nossas bandas favoritas da época.
Para mim,para ver os Duran Duran, Roxy Music, David Bowie, Sting, Spandau Ballet, Nik Kershaw, Phil Collins, entre outros, e principalmente os QUEEN e os U2, umas das melhores perfomances das vidas deles!!!
Felizmente tenho o DVD para recordar esse GRANDE espectáculo!
Para mim também foi um momento mágico. Lembro essa tarde até hoje e revejo os DVD's do acontecimento com alguma frequência. Destaco a prestação de Paul Young, achei (e acho) muito bem sucedida. :)
Acho que esse DVD é uma espécie de "Bíblia" para quem gosta da música dos 80s :)
memyselfandi, tb gostei mt da prestação do Paul :)
Pelos 25 anos de Live Aid, lembro-me perfeitamente ter visto pela tv durante várias horas, aliás até as 4 da manha, claro, os meus pais deixaram-me ver este grandioso espectáculo de beneficiência para combater a fome na Etiopia. Mas considero este espectaculo original em relação ao segudno Live Aid.
tenho uma ideia de ter começado a ver o Live Aid em casa e depois na discoteca onde trabalhava. lembro-me que se gravou parte do concerto (num Betamax) e que se foi revendo nas semanas seguintes. Não me recordo de nenhuma actuação em especial, mas ver aquelas bandas a tocar ao vivo - mesmo na televisão - foi fantástico.
Um Betamax!!! Isso é da idade da pedra, Jorge :)
Betamax (da Sony) era o que dava, na altura. O VHS (da JVC) ainda estava a impor-se. Existia ainda um outro formato - VR2000 (da Grundig ou da Philips) se não estou em erro. De qualquer forma era uma maneira de registar a emissão.
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