Não posso deixar de assinalar o aniversário da Rádio Televisão Portuguesa, a estação televisiva que me "viu" crescer e que, de certa forma, moldou muitos dos meus gostos musicais da altura em que era adolescente. Os programas de música não eram abundantes, talvez por isso, recorde o Top Disco com alguma ternura como aquele programa que me mostrava grande parte dos meus ídolos musicais. Era o Marcos André (entre outros, cujo nome não me recordo) quem me trazia as novidades e quem, ao mesmo tempo, me massacrava com os intermináveis primeiros lugares de Europe, Stevie Wonder, Scorpions ou USA For Africa, entre outros. E, na agonia do meu sofrimento, como eu compreendia os Taxi, quando cantavam "Quem vê TV sofre mais que no WC" (TV WC, 1981)... No domingo seguinte, lá estava eu, novamente, em frente ao televisor, à espara do Take On Me dos A-ha ou do Maria Magdalena da Sandra. A publicidade não irritava tanto como hoje, o que é natural dada a minha tenra idade e consequente maior paciência para os anúncios publicitários. Os Xutos & Pontapés cantavam "E na TV produtos embalados, entram em nós bem camuflados" (N'América, 1987), mas, como eu não tinha grande poder de compra, era-me indiferente.
Lembro-me ainda de um programa de telediscos, apresentado pelo Álvaro Costa, na RTP2. Chamava-se Videopolis e nele, Álvaro Costa mostrava-nos música numa onda um pouco mais alternativa, fugindo ao mainstream de que o Top Disco vivia. Os seus comentários, sempre muito actualizados, faziam-nos chegar as novidades do que se fazia "lá por fora". Para além do Videopolis, recordo-me do Vivamúsica, e da sua meia-horinha semanal(?), com apresentação de Jorge Pêgo.
A certa altura, começou na RTP2 o projecto TV Europa, cuja origem e razão nunca percebi muito bem, mas que trazia novidades no que à música dizia respeito através do mítico Countdown, programa apresentado por Adam Curry (o blogue dele, aqui). Este constituiu um corte com o que se fazia em Portugal e com o modo como se faziam as coisas ao nível da apresentação. Apesar de o Adam Curry ser, por vezes, um bocadinho "cromo", o programa tinha qualidade e, lá está, era uma oportunidade de ouro para se acompanhar o que de mais recente se passava na Europa. Depois havia o Nino Firetto, aquele que repetia vezes sem conta "I'm big in Portugal" (e era mesmo). Com o programa Music Box, do Super Channel, trouxe um estilo de apresentação mais descontraído, mais humorístico e por vezes bem perverso, quando gozava com alguns dos gigantes musicais da época. Foi talez o primeiro apresentador-ídolo da juventudo naquel tempo. E como nos ríamos com as receitas de Papa Luigi...
Lembro-me finalmente de um programa chamado Peter's Pop Show, que a RTP transmitia. Era uma espécie de festival em playback que reunia os maiores nomes da música dos anos 80. Organizado na Alemanha, o Peter's Pop Show (nunca cheguei a saber quem era o Peter) tinha frequência anual, mas acho que a RTP só o começou a transmitir na segunda metade da década de 80. Deixo-vos com uma actuação dos Depeche Mode, no ano de 1989, com aquele que viria a ser um dos seus grandes êxitos dos anos 90: Enjoy The Silence. Este Peter's Pop Show de 1989 é para mim especial porque o tenho gravado numa velhinha cassete VHS.
Obrigado, RTP! E parabéns!
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