Hey honey what you trying to say, as I stand here, don't you walk away
Era uma vez... em East Kilbride, Escócia, numa manhã fria e cinzenta do Inverno de 1983. Dois irmãos vestidos de negro vagueiam pelas ruas da cidade. São jovens, estão desempregados e acima de tudo têm um ar muito chateado. Vestem couro preto, usam óculos escuros e olham o chão molhado (em geral vêem pouco do que se passa à sua volta, pois as grandes cabeleiras cobrem-lhes os olhos). Detestam muita coisa na vida, mas o que mais detestam é a música que se faz nos inícios dos anos 80. Um chama-se Jim, o outro William. A certa altura, um vira-se para o outro e diz: "Meu, vamos fazer um grupo." O outro responde afirmativamente com a cabeça. Nascem os Jesus And Mary Chain. É claro que tudo isto é imaginação minha, mas nada garante que não se tenha passado mais ou menos assim.
Foi em 1984 que tudo começou. Com Jim Reid na voz principal, William Reid na guitarra, Douglas Hart no baixo e Murray Dalglish na bateria, os Jesus And Mary Chain iniciaram a carreira com um concerto de 10 minutos para uma plateia de 20 pessoas que, por acaso, estavam naquele dia naquele bar àquela mesma hora. Para eles era igual ao litro, pois tocavam invariavelmente de costas para o público.
Para mim, os JAMC "são" três álbuns (embora eles tenham gravado mais): Psychocandy (1985), Darklands (1987) e Automatic (1989).
Em Psychodandy ouvi coisas que julgava não ser possível ouvir em música e... gostar (experimentem Just Like Honey ou The Hardest Walk...). Outro aspecto relevante, depois de ouvir o álbum, foi que decidi experimentar o negro como opção de cor para a roupa (a minha mãe achava estranho, mas não proibia). É, no entanto, em Darklands que o grupo atinje o seu ponto mais alto na frequência com que passa no meu gira-discos (GIRA-DISCOS! Lembram-se?). Um dos melhores álbuns de sempre da música rock, Darklands inclui o tema-título (Darklands, para os distraídos), Happy When It Rains e o grande tema, April Skies.
Em Automatic, com a banda reduzida aos manos, os Jesus iniciam o trajecto descendente do êxito, mas, mesmo assim, ainda lá podemos encontrar coisas tão fantásticas como Here Comes Alice, Head On (com direito a cover dos Pixies) e Half Way To Crazy.
Deixo-vos com este SITE dedicado aos reis do noise e do feedback.
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