sexta-feira, janeiro 30, 2004

FRANKIE GOES TO HOLLYWOOD

Relax, don't do it, When you want to go to it

Para começar, gostaria de desmentir um dos mais propagados boatos que se instalou na música mundial desde há vários anos: HOLLY JOHNSON, o ex-vocalista dos FGTH, NÃO MORREU, NUNCA MORREU, NEM ESTÁ MORTO. Em 1990 foi-lhe diagnosticada a presença do vírus HIV, mas, felizmente, tal como muitos outros nesta condição, ainda cá está para as curvas.


Das esq. para a dir.: Brian Nash, Paul Rutherford, Mark O'Toole, Peter Gill e Holly Johnson

Iniciaram a actividade em 1982 com o seguinte line-up: Holly Johnson (voz), Mark O'Toole (baixo), Peter Gill (bateria), Jed O'Toole, Sonya Mazunda (coros). O seu primeiro concerto foi como banda de suporte dos Hambi And The Dance, de cuja banda fazia parte um tal Paul Rutherford. Acontece que, nesse concerto, Paul juntou-se aos Frankie em palco e nunca mais saiu do grupo, substituindo Mazunda nos coros e acrescentando ao grupo mais um elemento distintivo através do seu estilo próprio a dançar.

As primeiras investidas do grupo na tentativa de assinar contrato discográfico não foram muito bem sucedidas. As editoras figuam a sete pés de uns tipos estranhos que se passeavam em palco de peito e rabo ao léu e incluiam nos seus espectáculos ao vivo elementos sado-masoquistas.



Em Dezembro de 1982, Jed O'Toole deixou a banda, tendo entrado para o seu lugar Brian Nash. A sorte dos FGTH mudaria a partir do momento em que o produtor Trevor Horn (ex-membro dos Buggles de Video Killed The Radio Star) os ouviu numa gravação que tinham feito para um programa de rádio. Estávamos em Fevereiro de 1983 e nada voltaria a ser como dantes. Uma das primeiras medidas drásticas de Horn seria proibi-los de actuarem ao vivo até que o som da banda atingisse o nível por si idealizado. A ideia era: já que eles gostam tanto de se armar em maus com toda aquela tanga do sado-maso, vamos discipliná-los!!

Em estúdio, para desespero de Trevor Horn, os FGTH eram ainda bastante ingénuos e tocavam um som demasiado agressivo para a ideia de perfeição que Horn queria alcançar. Assim sendo, pegou nas gravações feitas pela banda e, com a contribuição de Andy Richards nas teclas e Luís Jardim (sim, esse mesmo, dos Ídolos) na percussão, deu-lhes uma nova roupagem que deixou os rapazes convencidos da genialidade do produtor que lhes tinha caído do céu.

Relax foi lançado a 24 de Outubro de 1983, mas o sucesso previsto não se confirmou, tendo alcançado posições bastante modestas no top britânico. O bar The Tube convidou-os para uma actuação, mas foi a aparição no Top Of The Pops que lhes trouxe a sorte que até então não tinham tido. Relax subiu imediatamente na tabela (venderia cerca de 13 milhões de cópias em todo o mundo) e chegou a número um a 28 de janeiro de 1984 (ver post anterior). Uns dias antes, no dia 10, já BBC banira o disco de todos os seus programas, o que não prejudicou em nada o seu sucesso, antes pelo contrário... Seguiu-se o segundo single, Two Tribes (1984), e, em Outubro do mesmo ano, o álbum tão esperado: Welcome To The Pleasure Dome. Desde o White Album dos Beatles que a edição de um longa-duração não tinha levantado tantas expectativas em termos mundiais! Luís Jardim, na percussão, entre outros músicos de estúdio, foi chamado a dar a sua contribuição a este álbum, que incluiu, para além de Relax e Two Tribes, uma versão de Born To Run (Bruce Springsteen) e a magnífica balada, The Power Of Love, que seria editada no Natal desse ano.

O quarto single a ser extraído do álbum foi Welcome To The Pleasure Dome (1985) e, por esta altura, os FGTH eram um fenómeno à escala mundial, com digressões atrás de digressões. É claro que, como em tantos outros casos, quanto maior se sobre, maior é a queda, e, a partir de certa altura, as divergências entre Johnson e o resto da banda começaram a fazer-se notar. O vocalista queria ir numa direcção mais dançável, o que desagradava aos restantes membros. Mesmo assim, o novo álbum, Liverpool, foi editado em Outubro de 1986. Algo inesperadamente, Trevor Horn prescindira da produção do álbum e enviara Steve Lipson, alguém da sua confiança, mas que não agradou totalmente à banda, piorando o ambiente, que já não era bom. Ainda assim, Liverpool não foi o que podemos considerar um falhanço comercial e dele foram extraídos os singles Rage Hard (1986), Warriors Of The Wasteland (1986) e Watching The Wildlife (1987), que nunca chegaram a atingir o sucesso dos seus antecessores. Rage Hard era (e é), no entanto, uma música com bastante... como hei-de dizer... power! (esta palavra está muito na moda e dá um jeitaço quando não se sabe o que dizer...)



Em Março de 1987, após uma bem sucedida digressão europeia, Holly Johnson decidiu abandonar o grupo, prosseguir carreira a solo e... envolver-se num conflito judicial com a editora ZTT, que não queria deixá-lo rescindir o contrato. Mas isso agora não interessa nada. A solo de Holly Johnson gravou quatro álbuns, dos quais podemos destacar os singles Love Train e Americanos. Para elém da música, dedicou-se à pintura e, em 1993, escreveu a sua autobiografia intitulada A Bone In My Flute.

Paul Rutherford também se aventurou a solo, mas o êxito não quis nada com ele. Os outros três membros, O'Toole, Nash e Gill continuaram como Frankie Goes To Hollywood e até colocaram um anúncio na imprensa para novo vocalista. Dee Harris (1987) e Grant Boult (1988) ocuparam a vaga, mas, em 1988 descobriram que Holly Johnson tinha registado o nome do grupo em 1985 e que não poderiam continuar a usá-lo. Os Frankie Goes To Hollywood, como banda, se já não estavam mortos, agora estavam definitivamente enterrados.

A 24 de Outubro de 2003, os cinco Frankies de sempre reuniram-se para um programa da VH1. Foi só uma entrevista, sem confirmação de que os elementos do grupo voltariam a tocar ou a gravar juntos... Mas nunca se sabe...

ÚLTIMA HORA! Parece mentira, mas não, é mesmo verdade: um grupo está a fazer-se passar pelos Frankie Goes To Hollywood, em vários locais do mundo, incluindo os EUA, apresentando-se em digressão e reclamando para si todo um passado de sucesso de que já vos dei conta. Incrível não? Toda a história em http://www.fgth.net (em fgth news)


Algumas curiosidades para os fãs hard-core:

. A primeira banda de Holly Johnson chamava-se Big In Japan e editou um single homónimo em 1977.

. O nome Frankie Goes To Hollywood surgiu de uma frase retirada da revista The New Yorker, a qual referia uma digressão Frank Sinatra a Hollywood.

. O nome FGTH já tinha sido escolhido por Holly Johnson para uma das suas bandas anteriores, em 1980, que nunca chegou a tocar ao vivo, nem sequer a gravar.

. Os FGTH compunham sempre a música em primeiro lugar. Só depois vinham as letras. A primeira tarefa ficava normalmente a cargo de Mark O'Toole, enquanto que Holly Johnson se ocupava das lyrics.

. Foi uma frase do filme Mad Max II que inspirou a composição de Two Tribes. A frase é "When to great warrior tribes go to war".

. Mike Read foi o locutor de Radio One que ficou famoso por atirar o disco de Relax contra a parede, em pleno estúdio e em plena emissão, dizendo que era "explicitamente obsceno". Pelos vistos, Read tinha já passado o disco montes de vezes, só que naquele dia, leu por acaso as letras que estavam na capa e que diziam a certa altura "Suck It" (ainda por cima tinham sido alteradas por alguém, pois o original era "Sock It").

. Two Tribes e Relax ocuparam os dois primeiros lugares do top em Julho de 1984, feito apenas até então conseguido pelos Beatles (Hello, Goodbye e Magical Mystery Tour).

. Para conseguirem impor relax nos States, os FGTH tiveram de alterar a capa do disco e fazer um novo vídeo. Até então só a comunidade gay se interessava por eles. Já agora, Holly Johnson e Paul Rutherford sempre afirmaram a sua condição de homossexuais.

. Na passagem de ano de 1984/1985, os FGTH actuaram ao vivo na MTV americana. Que houve de especial nesta actuação? Os Duran Duran juntaram-se-lhes em palco para tocarem Relax... Deve ter sido curioso...

. Apesar de apenas contarem com dois álbuns de originais, os FGTH lançaram um best of. Chama-se Bang! e é de 1993.

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Relax, don't do it



Se eu fosse inglês, não teria razões para me orgulhar de Tony Blair. Mas se fosse de Liverpool, não poderia ter mais motivos de orgulho. Primeiro os Beatles. Depois os Frankie Goes To Hollywood. Vem isto a propósito da efeméride: fez ontem 20 anos que o single Relax atingia o número UM do top britânico. A BBC, essa guardiã dos bons costumes, já tinha tratado de banir a música.

quarta-feira, janeiro 28, 2004

Como é bom ouvir a RÁDIO QA 80!



Ela experimentou e gostou! E você?

GO WEST

Inside everyone hides one desire, outside no one would know



A sorte dos Go West é que tiveram uma música intitulada We Close Our Eyes. Senão, nem a pose à gigolo estilo-ZéZé Camarinha os safava. We Close Our Eyes (tomem lá 30 segundinhos) é uma canção de batida forte, extremamente dançável, e com um trabalho de sintetizador bem típico da altura. Conta ainda com a vocalização macho-man de Peter Cox. Ainda por cima, os Godley And Creme realizaram um muito razoável videoclip para esta música. Por tudo isto (e nada mais) os Go West têm a honra de ocupar este espaço.



Peter Cox (voz) e Richard Drummie (guitarra) transformaram-se em Go West em 1982, mas só em 1984 alcançaram o primeiro contrato discográfico. Antes disso, andaram durante dois anos a compor aquilo que viria a concretizar-se no primeiro álbum, homónimo, que vendeu um milhão e meio de cópias em todo o mundo. Dele fizeram parte temas como We Close Our Eyes, Call Me e Don't Look Down. Foi com naturalidade que os galardoaram com o Brit para best newcomer, em 1986.

King Of Wishful Thinking fez parte da banda sonora de Pretty Woman. Foi outro grande êxito do grupo, mas como data de 1990, nem devia ter aqui lugar. Por agora passa. Rocky IV foi outro filme que contou com a participação de uma música dos Go West na banda sonora. Chama-se One Way Street.

O duo aguentou-se até 1994. A partir daí, pouco ou nada se ouviu falar sobre os GW. Peter Cox iniciou carreira a solo, enquanto Richard Drummie dedicou-se à produção de artistas como Kirsty MacColl e Debbie Gibson, entre outros.

Listagem de álbuns dos GW:
Go West (1985)
Bangs And Crashes (1986, remixes dos temas anteriores)
Dancing On The Couch (1987, com participação de Kate Bush)
Indian Summer (1992)
Aces And Kings (1993, colectânea dos maiores sucessos)
The Best of Go West – Live At The NEC (2001)



O século XXI assistiu ao regresso da dupla. Em 2003 participaram no mundialmente conhecido Live And Loud Music Festival em... Singapura! Envolveram-se também numa digressão com a bela Belinda Heaven Is A Place On Earth Carlisle e Paul Everytime You Go Away Young, entre outros.

As últimas notícias dão conta do curioso projecto Tony Hadley vs Peter Cox & Go West, que resultou num CD ao vivo com o seguinte alinhamento: 1. Boys Of Summer 2. Shooting Star 3. Why Don't You Try Me 4. Don't Know Why 5. Walking In Memphis 6. Always On My Mind 7. Free Fallin' 8. That's Life 9. Don't Look Down 10. We Close Our Eyes 11. Drive My Car 12. Suspicious Minds 13. Simply Irresistible 14. Addicted To Love. Já neste mês de Janeiro os Go West e Hadley (ex-Spandau Ballet) repetiram a "brincadeira" numa digressão por terras de sua majestade. Em Fevereiro, sairá o DVD ao vivo Kings Of Wishful Thinking. Podemos dizer the boys are back in town!

Muita coisa boa sobre os Go West.

terça-feira, janeiro 27, 2004

The one and only

É oficial. O Queridos Anos 80 é o único site no mundo a publicar a letra de Endless Road, dos Time Bandits (acho eu). Depois de apuradas audições por parte dos membros desta vasta equipa, utilizando a mais avançada tecnologia áudio, barricados num estúdio à prova de som exterior que faria inveja ao melhor bunker de George W. Bush, conseguiu-se extrair a letra maldita.

(mentira: fui à feira da vandoma, encontrei o álbum dos Time Bandits e assim consegui a letra)

Para todos vós.

TIME BANDITS
Endless Road

Time can only whisper truth for both of us
All the answers I can find, I put my trust
In a never ending road that leads to my door

I don't want you to go, my love
That's all you have to know
And I want you to help my soul
Somebody show me the way

And I want you to know, my love
It's an endless road till love finally comes our way
My love, uuhhh
My love
It's an endless road till love finally comes our way
My love, uuhhh

Now, we fought against the wall where love was back before
We tried to make it flow but love wouldn't let us go
Crazy us for all those wasted words

I don't want you to go my love
That's all you have to know
And I want you to heal my soul
Somebody show me the way

And I want you to know, my love
It's an endless road till love finally comes our way
My love, uuhhh
My love
It's an endless road till love finally comes our way
My love, uuhhh

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Candidato a videoclip mais ridículo dos 80's



Hoje, para além de ser segunda-feira, o que por si só é bastante para me deixar mal-disposto, dei de caras com o videoclip dos Bros, I Owe You Nothing, na VH1. É demais para uma segunda-feira de regresso ao trabalho. Acho que merecia melhor.

Este videoclip começa por nos mostrar uma das formas de engate mais estranhas que já vi: os dois pendurados em cordas a olharem um para o outro. A não ser que os dois trabalhem no circo, não estou a ver uma situação destas acontecer no dia-a-dia do comum mortal. Um gémeo Goss canta. A miúda ouve-o e deve interrogar-se: "O que será pior? Ouvir este tótó a tentar bater-me um coro ou deixar-me cair e arriscar partir uma perna? Até porque prefiro o irmão dele que está na bateria, é muito mais giro..."

Depois, o rapaz Goss (não confundir com Gloss), insatisfeito com os resultados, atira-se para o chão e vai de começar a fazer flexões. Mas ainda ninguém disse ao rapazito que as miúdas não se impressionam com flexões? Uns bons mortais à rectaguarda é que é!! Ganda tótó. Entretanto, o irmão (o outro Gloss, erm.. desculpem, Goss) vai batendo furiosamente nos tambores da bateria e observa curioso. Ainda há um terceiro elemento, que aparece de vez em quando a tocar (ou a fingir que toca) baixo. Chama-se... bem, não interessa.

A brincadeira termina com o reflexo dos dois supostos apaixonados na água, assim numa de efeito especial completamente inovador para a altura, estão a ver? Não sei no que tudo acabou, mas, a avaliar pelo título da música, o Goss é um caloteiro de primeira e a miúda queria era reaver o graveto, mas deve ter ficado a arder.

Fez sentido? A mim não, mas... what the hell!

sexta-feira, janeiro 23, 2004

DANIEL BLYTHE, The Encyclopaedia of Classic 80s Pop (2002)



Esta é a minha mais recente preciosidade. Vi a referência ao livro no suplemento Y do Público e corri para a FNAC. O único exemplar à venda estava em Lisboa (o resto é paisagem, pois...) Se o livro não vem até Tarzan Boy, vai Tarzan Boy até ao livro. Encomenda-se, pois. E não foi assim tão caro como estava à espera (cerca de 23 euros).

Tal como o título indica, trata-se de uma enciclopédia que percorre o que de mais importante se fez na música da década de 80, sempre num estilo informal, bem-disposto e descomplexado. As páginas centrais são ocupadas por imagens de alguns artistas e bandas fundamentais para a história da pop, acompanhadas de comentários bem-humorados de Daniel Blythe. A edição é da Allison & Busby.

Sobre o autor (retirado do livro ou do site da editora, as you wish):

"Daniel Blythe was born in Maidstone in 1969. The first single he will admit to buying was 'Souvenir' by OMD, although the first single he actually bought was 'Making Your Mind Up' by Bucks Fizz. Daniel currently lives in Yorkshire with his wife and small, noisy but loveable daughter. He can often be found wandering the hills of the Peak District, musing on such life-affirming questions as how Heaven 17 got their name, which was the best Transvision Vamp album and who was really the most fanciable one out of Bananarama. He is also the author of two acclaimed novels, The Cut and Losing Faith."

Daniel Blythe faz acompanhar cada um dos seus textos por uma avaliação (sempre subjectiva) do artista/grupo em questão. Esta avaliação não pretende classificar a qualidade da música, mas antes reflectir o grau de "imortalidade" que conseguiram atingir. Blythe opta pelas tradicionais estrelas (não leu, de certeza, o Escrítica Pop), mas acrescenta-lhes um título de uma música:

***** Eternal Flame
**** (Keep Feeling) Fascination
*** Don't You (Forget About Me)
** What Have I Done To Deserve This
* Fade To Grey

The Encyclopaedia of Classic 80s Pop está cheio de pormenores deliciosos que o tornam indispensável a qualquer amante da música dos eighties. Ah, não há tradução, pelo que não aconselho a quem nunca se deu bem com o Inglês na escola. Bem, sempre há as imagens...

MIGUEL ESTEVES CARDOSO, Escrítica Pop (1982)



Escrítica Pop foi editado em 1982 pela Editorial Querco. A capa - onde surge Ian Curtis completamente "possuído" em duas fotos - e orientação gráfica são da responsabilidade de João Segurado. É uma raridade que guardo com algum orgulho (ainda que tenha sido comprado uns 10 anos mais tarde na Feira da Vandoma, instituição portuense da livre compra e venda de tudo-aquilo-que-fôr-comprável-e-vendável), ainda que o Blitz, numa ideia mágica, se tenha lembrado de a reeditar aquando da edição mil.

O livro é composto por crónicas que Miguel Esteves Cardoso escreveu, em Portugal e em Inglaterra, entre Abril de 1980 e Abril de 1982, para os semanários O Jornal e Se7e, revista Música e Som e o programa Café-Concerto da Rádio Comercial. Trata-se de uma colectânea de textos, portanto, a que um MEC bem-disposto chama, numa nota introdutória, "a desorganização deste livro".

O prefácio é brilhante. MEC - eterno apaixonado por Amália e Joy Division - acaba por retratar, nesse texto, o carácter efémero de toda a música pop e as contradições que ela encerra. Contradições em que todos nós acabamos por cair, mais tarde ou mais cedo.

"É claro que já me arrependi de tudo aquilo que aqui escrevi. É claro que já não gosto de nenhuma das bandas das quais disse gostar muito, e que vim a apreciar todas as outras que jurei odiar até à morte".

Para além da importância histórica deste livro, um valioso documento sobre a pop-rock de inícios dos 80, um dos seus grandes trunfos é precisamente a escrita bem-humorada e por vezes cruel de MEC. Não acredito que, na altura, houvesse muita gente a escrever assim sobre música. Hoje, há às centenas, mas sem o mesmo talento. Um dos exemplos deste tipo de abordagem é o fabuloso Como ser um Crítico de Rock - um guia prático, em que MEC começa por dizer que para se criticar um disco não é necessário ouvi-lo. E acrescenta uma série de adjectivos úteis na arte do "bota-abaixo". E que dizer da avaliação dos discos com a escala Uma bosta, Duas bostas, Três bostas e Um balde? Hilariante!

É também com um sorriso que, ao percorrermos as análises aos grupos e discos da altura, lemos as primeiras impressões de MEC sobre bandas e artistas que viriam a tornar-se marcantes ao longo da década. Diz MEC, em jeito de balanço do ano de 1980:

"Mas ainda bem que acabou - foi um mau ano para o Rock. Basta lembrar o último dos Blondie, dos Dire Straits ou do malogrado John Lennon. E a explosão das execráveis bandas da pesada (Saxon, Whitnesake, Motorhead, Iron Maiden, Triumph)! E o disco dos Yes a mielas com os Buggles! E a nova vaga de Rock-cabeleireiro (Visage, Spandau Ballet, Duran Duran)! E a desgraçada mania das gabardinas! A onda fria de John Foxx, Gary Numan e os Ultravox! Brrr... Graças a Deus que acabou - foi um mau ano para o Rock." Se7e, 31.12.80

Sobre os Spandau Ballet:

"Querem ser béu-béus de porcelana, mas parecem-se mais com caniches emperucados, daqueles que assinalam a mobília com a saudação de perna alçada e tremem como varas verdes com o barulho do seu próprio coração a bater. Enfim, mais para o chichi do que para o chique". Se7e, 14.01.81

Agora a vítima é Eric Clapton:

"Ah, é verdade, já me esquecia - Eric Clapton tem um novo single, de nome (longo bocejo e coçadela distraída nas axilas) "Black Rose". Socorro! Joy Division! Socorro!" Se7e, 25.02.81

Mais macio para os Depeche Mode:

"A avalanche futurista vai revelando uns diamantes entre os pedregulhos: os Depeche Mode não são bem diamantes, antes um pechisbeque dos menos horríveis, mas merecem uma referência. Dançáveis à moda dos Orchestral Manoeuvres e não pouco influenciados por estes, os Depeche Mode são tudo menos friorentos e utilizam o sintetizador como um auxiliar". Se7e, 18.03.81

Escrítica Pop é uma obra fundamental para quem se interessa por esta coisa chamada música. Encomendem-no ao Blitz, já!

terça-feira, janeiro 20, 2004

Isto está renhido



A votação para a melhor cover está ao rubro. Dois excelentes originais, duas grandes versões. Se ainda não votaste, o que esperas para ser feliz?

TIME BANDITS

Time can only whisper truth for both of us



Da Holanda chegou-nos, nos anos 80, o bom futebol de Van Basten e Gullit, a ousadia no grande ecrã de Silvia Kristel e Marushka Detmers, e a barbie-like pose da modelo Karen Mulder. Para além de tudo isto, chegaram-nos também os Time Bandits. Para o Queridos Anos 80, eles constituem aquilo que por norma se considera uma one hit wonder, ou seja, aquele artista que, com uma só música, fez mais do que muitos com meia dúzia de álbuns (esta é a definição optimista de one hit wonder, claro...).

Endless Road está lá, completamente lá. É pop do mais banal possível, é melódica como centenas de outras, é dançável como milhares de outras. Mas tem algo de especial que merece a imortalidade. Quem souber o que é que diga. O que interessa é que o QA 80 adora esta canção. Ponto final.

Não há assim muita informação disponível sobre estes holandeses. A quem perceber neerlandês e consiga perceber o que aqui está escrito, os meus sinceros parabéns. Os Time Bandits foram Alides Hidding (voz, guitarra composição), Marco Ligtenberg (teclas), Guus Strijbosch (baixo) e Dave van den Dries (bateria). Surgiram em 1982 e logo se impuseram por essa Europa fora com temas como Live It Up (1982), I'm Specialized In You (1982), I'm Only Shooting Love (1983) e o já referido Endless Road (1985).

No presente, os Time Bandits continuam em actividade, com Alides Hidding a recrutar novos elementos e a acreditar que as coisas ainda são como "em antes". O CD As Life regista os maiores êxitos do grupo, mas com roupagens novas.

Site oficial: http://www.timebandits.nl

segunda-feira, janeiro 19, 2004

Best 80's Male Hairstyle



Vocês votaram, vocês decidiram. Nick Rhodes tem o penteado masculino mais ________________ (preencher com adjectivo à escolha) dos anos 80. A certa altura adivinhava-se uma luta renhida com Mike Score, mas o que é certo é que o camaleão dos Duran Duran levou a melhor. Queria deixar uma palavra de conforto para Rob Pilatus: Rob, se me estás a ouvir aí no outro mundo, não desanimes pá. Podias não ter um penteado por aí além, mas tinhas de certeza uma grande voz.

1º LUGAR - Nick Rhodes (Duran Duran): 33% (21 votos)
2º - Mike Score (A Flock Of Seagulls): 23% (15)
3º - Nick Beggs (Kajagoogoo): 11% (7

4º - Jon Bon Jovi: 9% (6)
5º - Pete Burns (Dead Or Alive): 8% (5)
6º - Bono (U2) e Martin Gore (Depeche Mode): 5% (3)
8º - George Michael (Wham!) e Phil Oakey (The Human League): 3% (2)
10º - Rob Pilatus (Milli Vanilli): 0% (0)

Discos Perdidos



Discos Perdidos é o título, por sinal bastante feliz, de um programa de rádio da RUC (Rádio Universidade de Coimbra, 107.9). Passa aos Sábados e aos Domingos, entre as 15:00h e as 17:00h, e é da responsabilidade de Nuno Ávila (com participação de Fausto Silva). Discos Perdidos tem por missão recordar a música dos anos 70 e 80.

sábado, janeiro 17, 2004

Novidades (2)

As imagens e os textos das músicas já estão online outra vez. Decidi retirar os ficheiros de som e pensar numa solução para o facto.

Os comentários voltaram e, como podem verificar, nada se perdeu. Tudo graças ao Haloscan.

A rádio QA 80 continua a dar-vos boa música. Basta clicar no link da barra lateral.

Bom fim-de-semana!

sexta-feira, janeiro 16, 2004

Novidades

As imagens mais recentes já estão online como podem verificar. É um processo algo lento e trabalhoso. Amanhã espero acabar, ainda que o computador ainda esteja na oficina.

Os comentários do Blogspeak foram adquiridos pelo Haloscan. Amanhã já devem estar disponíveis e - mais importante - intactos.

terça-feira, janeiro 13, 2004

What Have I Done To Deserve This?

Que fiz eu para merecer isto? O título da canção (1987) que os Pet Shop Boys cantaram em parceria com Dusty Springfield aplica-se que nem uma luva a toda esta situação que o Queridos Anos 80 está a atravessar.

Vamos por partes:

1- O computador zangou-se. A birra foi tão grave que cometeu um matricídio. Acabou com a sua própria placa-mãe (também conhecida por motherboard). As autoridades estão em campo, a investigação ainda vai no início, mas não é de excluir a hipótese de atentado através de vírus. Os Europe estão entre os principais suspeitos.

2- O servidor onde tinha alojados todos os ficheiros do QA 80 apagou tudo. Imagens, textos e mp3, tudo reduzido a 0 Kb. Tudo. Tudinho. Foi tudo ao ar. Por isso é que o QA 80 se assemelha a um cemitério, tantas são as cruzes visíveis.

3- O Blogspeak está down, ou seja, os comentários estão, temporariamente (espero eu), inacessíveis. Para perceberem o que se passa vão até lá. O rapaz está furioso. Eu também, by the way.

Conclusão: só quando tiver o computador à disposição é que poderei tratar da questão das imagens e dos restantes ficheiros. Quanto aos comentários, se a situação se mantiver parada durante muito mais tempo, efectuo a mudança para outro servidor. Alternativas não faltam.

A sondagem para o melhor penteado masculino dos anos 80 está encerrada. Para além de estar na horinha de a encerrar, já não fazia sentido a sua presença uma vez que não há imagens (mesmo assim houve quem votasse sem imagens!). Quando toda esta situação fôr normalizada, farei um post com os resultados finais. Entretanto já podem votar na nova sondagem. Trata-se de eleger a melhor cover (versão) de uma música dos anos 80. Depois faço um post à maneira.

Qualquer reclamação, questão, dúvida, mensagem de apoio e solidariedade, oferta monetária, ou apenas um olá, já sabem: tarzanboy@mail.pt

Fiquem bem.

domingo, janeiro 11, 2004

Off

O Queridos Anos 80 encontra-se sem computador. Actualizações mais difíceis, portanto. Espero resolver o problema - que ainda não identifiquei - amanhã. Ou então não!

sexta-feira, janeiro 09, 2004

Toda a verdade: os Bros eram os Proclaimers



O Queridos Anos 80 está em condições de afirmar que os irmãos Mathew e Luke Goss eram afinal os Proclaimers. Graças às maravilhas da cirurgia plástica, conseguiram, após devida autorização do pais, tornar-se aqueles rapazes de fino recorte e olho azul faiscante.
Tudo terá começado quando, ainda Proclaimers, receberam uma Letter From America, de um renomado cirurgião a propor uma reviravolta estética a um bom preço. Os rapazes não pensaram duas vezes, puseram-se a caminho e percorreram mais de 500 Miles. Consta que, depois da operação, já na pele de Bros, fugiram a sete pés gritando para o médico: I Owe You Nothing! UUhaa, Nothing At All!

Depois disto, ainda se admiram do Michael Jackson?

quinta-feira, janeiro 08, 2004

Ai que lindos



Há precisamente 15 anos, o mundo era cor-de-rosa para Kylie Minogue e Jason Donovan, pois atingiam o 1º lugar do top britânico com Especially For You, feito que prolongariam por 3 semanas. Depois, bem, depois tudo acabou. A bonita Kylie voltou em força no novo milénio. Quanto ao esbelto Jason... alguém o viu?

quarta-feira, janeiro 07, 2004

HEART

I can't tell you what you're feeling inside And I can't sell you what you don't want to buy



Cabelos, cabelos e mais cabelos. Os Heart inserem-se no contexto musical das chamadas Hair Bands dos anos 80. O denominador comum era o heavy-metal e as fartas cabeleiras onduladas. O heavy-metal era, porém, um conceito muito abragente. Podia tocar bandas tão distintas como Bonjovi, Def Leppard, Metallica ou Megadeth. As Hair Bands praticavam um rock mais baladeiro, mais melódico e a sua estética recorria muitas vezes a um guarda-roupa excêntrico e a maquilhagem carregada. Estou a lembrar-me, por exemplo, de Motley Crue, Poison, Cinderella, Whitesnake, Def Leppard, Skid Row ou Twisted Sister (estes últimos ainda detêm o prémio do vocalista heavy mais feio de sempre).

Mas centremos a nossa atenção nos Heart, mais propriamente nas bonitas irmãs Ann e Nancy Wilson, cheias de glamour e donas de grandes vozes.

Os Heart não são o que se pode chamar uma banda-dos-anos-80 in strictu sensu, mas o que é certo é que podemos situar a popularidade que atingiram em termos mundiais na década de 80, mais precisamente entre 85 e 87.
A origem do grupo remonta aos finais dos anos 60, imagine-se, quando Steve Fossen e os irmãos Roger Fisher e Mike Fisher formaram os The Army, que entretanto passaram a White Heart, para se fixarem em Heart. Ann Wilson juntou-se ao grupo em finais da década de 60 e, para além da ligação musical ao grupo, iniciaria uma ligação sentimental com o guitarrista Mike Fisher. Quando Nancy Wilson passou a fazer parte da banda, em 1974, e para que a irmã não se ficasse a rir, "apanhou" o outro irmão Fisher, o Roger. Estávamos em Vancouver (Canadá), numa linha folk-rock, mas que depressa evoluiu para um heavy-rock melódico em que as guitarras e os sintetizadores rapidamente transformaram a sua sonoridade e abriram-lhes os portões dos estádios.(Pormenor: em 1975 voltaram a Vancouver para que Mike Fisher pudesse evitar a tropa)
EM 1979, Roger Fisher deixou a banda (e Nancy também, já agora) e foi substitúido por Sue Ennis. Três anos depois foi a vez de Mike Deroisier (bateria) e Steve Fossen (baixo) mudarem de ares, tendo entrado para os seus lugares Denny Carmasi e Mark Andes.

Em 1984, Ann Wilson participou na banda sonora de Footlose através do dueto com Mike Reno (Loverboy) na balada Almost Paradise.


Os dois álbuns de referência: Heart (1985) e Bad Animals (1987)

Quando falamos no maior êxito dos Heart é incontornável referir Alone (1987), mas outros temas merecem a nossa atenção tais como What About Love (1985) e These Dreams (1985), este último cantado por Nancy.

Abriram os anos 90 com o tema All I Want To Do Is Make Love To You , talvez o seu último sucesso. Em meados da mesma década formaram os Lovemongers. Entretanto as manas envolveram-se em projectos individuais.



Ann aventurou-se pelo teatro e, em 2001, entrou em digressão americana e japonesa com o espectáculo Abbey Road: A Tribute To The Beatles.



Quanto a Nancy, lançou álbum a solo e trabalhou nas bandas sonoras de Jerry Maguire, Almost Famous e Vanilla Sky. O facto destes três filmes terem como realizador Cameron Crowe, marido de Nancy, pode ter tido alguma influência. Acho eu.

Em 2003, as irmãs Wilson realizaram uma gigantesca digressão americana – Heart Alive In America: 2003 Summer Tour - durante a qual tocaram com Mike Inez (ex-baixista de Ozzy Osbourne e Alice In Chains), Scott Olson (guitarra), Ben Smith (ex-baterista dos Lovemongers) e Tom Kellock (teclas). Tudo isto para promover o registo ao vivo e DVD Alive In Seattle.

O Ladies Rock presenteia-nos com quatro canções em formato mp3 (de excelente qualidade). Vale a pena uma visita, até porque está lá What About Love, a minha preferida.

Com 53 e 49 anos respectivamente, Ann e Nancy podem ter perdido o fulgor de outros tempos (ou então não!), mas sabe sempre ouvir no carro e cantar Alone ou What About Love em altos berros (com os vidros fechados, de preferência...)

Chegou correio (2)

Recebi um mail do Luís Macário, que passo o colocar à vossa disposição.

-------------------------------------------------------------------

Boa tarde,

Descobri o site "queridos anos 80" através da referência da "rádio qa 80" do cotonete, que também já ouvi.
Como grande fã dos "eighties" não quis deixar de lhe escrever a dar os parabéns pela dedicação. Voltarei regularmente para saber das novidades.
É bom saber que existem outras pessoas que como nós cresceram a ouvir aqueles sons que conforme a batida ora nos faziam dançar, ora nos faziam sonhar. Hoje em dia continua a fazer-se boa música, mas as emoções já não se comparam aos nossos anos de teenager. Ainda me lembro de correr todas as 5as Feiras para comprar a "Bravo", na altura em versão Alemã. Logicamente não percebia nada dos textos, mas valia pelas fotos cheias de cor, pelos tops, pelos autocolantes, mas principalmente pelas letras das canções, porque naquela altura o meu Inglês era limitado, e as letras davam um grande jeito. Pode até dizer-se que foi à custa do meu gosto pela música que aprendi muito do Inglês que hoje felizmente é bem mais perfeito que na época.

Fica agora o convite para também ouvir a minha rádio exclusivamente dedicada a grandes êxitos dos anos 80. A "80s FM" foi criada em 1 de Fevereiro de 2001, no dia 4 atingiu o Top 20 e... nunca mais de lá saiu. São quase 2 anos sempre entre as 20+ do cotonete e sempre a crescer. Actualmente conta com cerca de 1100 temas, daí um pouco de lentidão a abrir, mas vale a pena.
E como a minha grande paixão é mesmo a música, tenho também um site onde se pode votar nas favoritas de hoje em dia. "Star" dos Reamonn é líder há 4 semanas consecutivas. O resto está em http://top10tnt.tripod.com
O Top 10 TNT foi buscar o seu nome precisamente ao antigo programa da Radio Comercial.

Felicidades e continuação de bom trabalho.

Luís Macário

-------------------------------------------------------------------

segunda-feira, janeiro 05, 2004

Querem vê-los no Rock In Rio?



Decorre uma petição online com o objectivo de trazer os Duran Duran ao Rock In Rio (Tejo, digo eu). O endereço para quem quiser assinar é precisamente esta linha que estão a ler. Seria uma boa oportunidade para vermos o penteado de Nick Rhodes, versão 2004.

domingo, janeiro 04, 2004

Let's Work

Acabou-se a boa vida. Amanhã é tempo de voltar ao trabalho. Deixo-vos com a letra do tema Let's Work, de Mick Jagger, lançado em Setembro de 1987. Foi o primeiro single extraído do álbum Primitive Cool e o seu vídeo promocional está entre os piores de sempre. O mérito da realização do videoclip é do senhor Zibigniew Rybczynski (já não bastava ter um nome assim).



No sitting down on your butt
the world don't owe you

No sitting down in a rut
I wanna show you

Don't waste your energy on making enemies
Just take a deep breath and work your way up.

Let's work
be proud
stand tall
touch the clouds

Man and woman
be free
let's work
kill poverty.

Let's work
be proud
stand tall
touch the clouds

Man and woman
be free
let's work
kill poverty.

You're sitting down on your butt
and you get greedy

Started to lose your nuts
don't you look seedy

Can generosity bring you humility? So take a deep breath.

Ain't gonna sweat for you
ain't gonna sigh for you

Ain't gonna cry for you
if you're lazy.
Ain't gonna slave for you
ain't gonna hurt For yau

It iust won't work for you
if you're lazy.

Let's work
be proud
stand tall
touch the clouds

Let's work
let's eat
let's live in ecstasy

Man and woman
be free
let's work
kill poverty.

Let's work
be proud
stand tall
touch the clouds

Mand and woman
be free! - Let's work
let's work!

sábado, janeiro 03, 2004

CLASSIX NOUVEAUX

To hear the truth might alter your mind or open you eyes

Há músicas com as quais por vezes acordamos e não nos largam durante todo o dia. Acordamos com o refrão na cabeça e damos por nós a cantarolá-lo no emprego, na padaria, no autocarro, no consultório médico. Às vezes acontece-me isto com Guilty (1981, letra ), dos Classix Nouveaux.



Os CN Fazem parte do meu imaginário oitentista. Tinham um vocalista careca com ar assustador e com um nome estranho: Sal Solo. Surgiram em 1979 com Sal Solo (voz, guitarra e sintetizadores) , Mik Sweeny (baixo, sintetizadores e coros), BP Hurding (bateria, saxofone e coros) e Jak Airport (guitarra). Em 1980 Jak saiu do grupo e foi substituído por Gary Steadman (guitarra e sintetizadores). A imprensa musical britânica colou-lhes o rótulo de "New Romantics" e colocou-os na prateleira onde estavam grupos como os Ultravox, Japan e Duran Duran.

Visitaram Portugal em 1981 e receberam o disco de prata pelas vendas o seu álbum de estreia, Night People. Dele extraíram três singles, o último dos quais, Guilty, seria um dos seus maiores êxitos.

La Verite foi o nome do segundo um álbum e dele fazem parte Is It A Dream (disco de ouro em Portugal) e o fantástico Never Again. Os CN chegaram a actuar em países do bloco de leste como a Hungria e a Checoslováquia e podem inclusivé gabar-se de terem sido a primeira banda ocidental a tocar no Sri Lanka (desta é que vocês não estavam à espera, digam lá!).

Em 1982, Gary Steadman saiu do grupo, sendo substituído por Jimi Suman. No ano seguinte saiu o terceiro álbum, Secret, e, pouco tempo depois os Classix Nouveaux acabavam. Para quem quiser ter acesso a todos os êxitos dos CN bem arrumadinhos, há o The Very Best Of Classix Nouveaux, editado em 1997.



Em Outubro de 1983, Sal Solo e o amigo Nick Beggs (Kajagoogoo) decidiram fazer uma peregrinação a Itália, mais precisamente a um local sagrado chamado San Damiano. Sal chegou mesmo a pensar em abandonar a música e entrar para um mosteiro, mas alguém lhe disse que a música seria o seu instrumento para mostrar a verdade divina aos fãs. A partir daí enveredou pela música cristã. O single San Damiano foi o primeiro resultado disso mesmo. Sal viu a luz.